Diante de uma iminente prisão por ordenar a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para colocar uma ordem de prisão fake contra Alexandre de Moraes, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) fez uma apelação divina nas redes sociais.
Pouco mais de 40 minutos antes da abertura do julgamento no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), que teve início às 0h desta sexta-feira (9), a deputada foi às redes e pediu aos apoiadores que "continuem orando pelo nosso Brasil, pelas nossas autoridades, pois tudo podemos nAquele que nos fortalece".
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"Ele é o Deus do impossível", escreveu, publicando um trecho do evangelho de Mateus nas redes.
"Nesta sexta feira, 09/05/25 o caso da invasão ao sistema CNJ será julgado. Deus está no controle de todas as coisas e tudo tem um porquê. O tempo dEle é diferente do nosso e estou segura que um dia saberei entender", afirmou ainda na publicação.
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A partir desta sexta-feira, os ministros da primeira turma do Supremo poderão começar a depositar seus votos sobre o processo em que a deputada e o "hacker de Araraquara" Walter Delgatti são réus pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica.
O julgamento vai até à próxima sexta-feira, 16 de maio. Além do relator, Alexandre de Moraes, votam Cristiano Zanin, presidente da primeira turma, e os ministros Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia. O colegiado é o mesmo que julga a quadrilha golpista de Jair Bolsonaro.
Mandado falso para prender Moraes
Conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. O hacker é réu confesso.
Durante a tramitação do processo, Carla Zambelli negou as acusações de ter atuado como mandante da invasão e ter solicitado o hackeamento a Walter Delgatti.
O hacker reafirmou as acusações contra a parlamentar e confirmou que a invasão foi solicitada por ela.
Entenda
Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti teria entrado no sistema do CNJ a mando de Carla Zambelli para inserção de documentos falsos no ambiente digital.
Um plano de Zambelli era inserir um documento falso que ordenava a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes com um assinatura falsa dele mesmo.
Segundo a PGR, as evidências mostradas pela Polícia Federal indicam que "Zambelli comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito".
Constam contra Zambelli e Delgatti dez crimes. Sete são expostos no artigo 154-A e parágrafo 2 do Código Penal, se referindo a invasão de dispositivo informático. Outros três estão no artigo 299 do CP (falsidade ideológica), por terem inserido documentos ideologicamente falsos no sistema informático.
Zambelli é alvo de outra ação penal no STF
Em 25 de março deste ano, o ministro Dias Toffoli adiantou seu voto no plenário virtual, e o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) à prisão de 5 anos e 3 meses por perseguição armada ao jornalista negro Luan Araújo na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
A deputada, no entanto, só deve ir para a prisão após a finalização do julgamento, já que o ministro Kássio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro à Corte, pediu vistas no processo. Com isso, foi aberto o prazo para que ele devolva a ação para conclusão do julgamento.
A parlamentar já teve seu mandato cassado em janeiro deste ano pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por divulgar vídeos questionando o resultado das eleições de 2022. O caso, porém, ainda precisa ser avaliado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).