CÂMARA

Trava de ação contra Ramagem: Andréa Gonçalves explica aprovação de medida inconstitucional

Ao Fórum Onze e Meia, comentarista política comentou a nova ação da Câmara para afrontar o Supremo Tribunal Federal

Deputado Delegado Ramagem (PL-RJ).Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Escrito en POLÍTICA el

A comentarista política Andréa Gonçalves esteve no Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (8) para analisar os principais assuntos políticos do país. Ela fez considerações, por exemplo, sobre os motivos que levaram os parlamentares a aprovarem a sustação de ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) do deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) às pressas, nesta quarta (7). 

Para ela, a aprovação da medida, considerada inconstitucional pelo STF, é uma ação do Centrão "se aproveitando do desespero da extrema direita". O objetivo dessa postura seria uma forma de provocar o Supremo para liberação de emendas que estão bloqueadas por desobediência a normas jurídicas. "É a direita se aproveitando do desespero da extrema direita para fazer cócegas no Supremo Tribunal Federal para ver se libera as emendas que estão sendo bloqueadas", afirmou a comentarista. 

LEIA TAMBÉM: Orçamento secreto: Dino dribla manobra do Congresso e suspende R$ 4 bi de emendas

Ela acrescentou que a medida é um "contra-ataque da Câmara dos Deputados para mandar um recado ao Supremo". Para ela, o interesse da direita não está em anistiar Bolsonaro, mas sim em conseguir mais dinheiro com as emendas. "Eles usaram desse estratagema, na minha humilde opinião, para ver se abalam o Supremo, porque não tem outra explicação", disse Andréa.

"É tão inconstitucional essa medida que não tem outra explicação. Eles têm uma finalidade, e a finalidade não é nem salvar Bolsonaro da cadeia, nem tirar Bolsonaro do processo criminal, porque eles não vão fazer isso", avaliou. 

A comentarista acrescentou que a aprovação da medida pode até ser um "golpe", mas que na realidade é o Parlamento "se levantando contra o Supremo" porque deseja que o STF "saia da jogada e deixe a farra do boi gordo com as emendas secretas do orçamento secreto". 

Ela citou, por exemplo, o caso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que está sendo perseguido pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) após ter denunciado o esquema do orçamento secreto. 

"Glauber Braga está sendo cassado porque se levantou contra o orçamento secreto, enquanto isso, Gilvan da Federal só tem uma suspensão do mandato de três meses. Enquanto isso, Chiquinho Brazão ganhou um presente de ter sido cassado pela mesa e continua elegível", comentou Andréa. 

"São situações tão esdrúxulas, tão vergonhosas que depõem contra o próprio parlamento. E o Supremo vai derrubar, porque não tem como. Todo mundo que estuda minimamente direito constitucional sabe disso", acrescentou. Ela afirmou, ainda, que a própria direita sabe que a medida é inconstitucional, mas apoia para "alimentar a extrema direita e afrontar o Supremo".

"Na verdade, o Parlamento está se levantando contra ele mesmo", disse ela, que reforça que os próprios congressistas sabem que eles compõem "o pior Parlamento da história democrática do Brasil".

Papel de Hugo Motta

Andréa Gonçalves também falou sobre a postura de Hugo Motta (Republicanos-PB). Em sua análise, o presidente da Câmara é "mais do mesmo e muito do pouco". "É Arthur Lira com outra vestimenta. Na verdade, quem estava ali era Arthur Lira. Ele [Hugo Motta] não deixou ter debate. Ontem, Hugo Motta impôs as regras, não aceita o requerimento, não aceita emendas, não aceita o destaque, não aceita isso, não aceita aquilo, para aprovar logo, para correr logo", analisou a comentarista. 

Ela ainda afirmou que a postura de Motta não a surpreende. "Pelo contrário, só confirma o que a gente já sabe. Tanto que ele é o sucessor de Arthur Lira. E vou reiterar, por detrás disso está o orçamento secreto", declarou. 

Andréa destacou que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), os parlamntares de direita e extrema direita "sentiram o gosto de ter na mão bilhões de reais e de gastar sem saber para onde vai, com que o dinheiro foi gasto e quanto foi". 

"E eles querem continuar assim. E o Supremo, a partir notadamente do posicionamento, confirmado por unanimidade pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, de Flávio Dino, não está engolindo. Aí eles [parlamentares] fizeram isso para ver se passa um recado para o Supremo", avaliou. 

Confira a entrevista completa de Andréa Gonçalves ao Fórum Onze e Meia

Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar