A exemplo de Aldo Rebelo, que militou em grande parte da sua vida política no PCdoB antes de se agarrar à ultradireita bolsonarista, o também ex-ministro do primeiro mandato de Lula, Ciro Gomes (PDT), saiu definitivamente do armário e fez um aceno a Jair Bolsonaro (PL) ao prometer voto a Alcides Fernandes (PL) para a eleição ao Senado em 2026 durante visita a Assembleia Legislativa do Ceará nesta terça-feira (6).
Alcides Fernandes é pastor da Assembleia de Deus e pai de André Fernandes (PL-CE), um dos defensores mais extremistas de Bolsonaro na Câmara Federal. O deputado estadual cearense deve concorrer ao Senado no próximo ano em disputa direta contra Cid Gomes (PSB), irmão e mais recente desafeto de Ciro.
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"O PL apresenta como possível candidato ao Senado o Alcides, que tem todos os dotes, todas as qualificações. Do jeito que os nossos adversários estão organizando a chapa, lá não tem currículo, lá é folha corrida. Aparentemente lá, a lista de candidatos até aqui que eu conheço é folha corrida, não é?", disparou Ciro, destilando uma ironia presente nos discursos de Bolsonaro.
"Então o Alcides salta longe como homem decente, como uma pessoa nova na política, apesar já dos seus 57 anos, homem de fé, homem de testemunho", emendou.
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Ciro tem usado a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência em meio ao que classificou como "farra do INSS" para tentar uma sobrevida política com ataques a Lula.
"Quem é o responsável político por essa questão? É o Temer, é o Bolsonaro e é o Lula", disse ao defender Lupi e anunciar a posição neutra do PDT em relação ao governo no início da semana, antes do encontro com a "oposição" na assembleia cearense.
Na prática, Ciro só vem consolidando um movimento que começou em 2018 quando, magoado por ter sido preterido por Lula na escolha para a disputa à Presidência, fugiu para Paris no segundo turno da eleição em que Bolsonaro venceu o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Em 2022, Ciro trabalhou pela eleição de André Fernandes anunciando a neutralidade do PDT no segundo turno da disputa para a prefeitura de Fortaleza, quando o bolsonarista foi derrotado pelo petista Evandro Leitão.
Semelhante ao que fez Rebelo, Ciro também estuda se filiar ao espólio do PSDB, comandado por Tasso Jereissati no Ceará, e que recentemente iniciou a negociação para se fundir ao Podemos.
Ciro trabalha para que Jereissati assuma o comando da nova sigla no Ceará, confrontando o ex-prefeito de Aracati, Bismarck Maia (Podemos), aliado do governador Elmano de Freitas (PT).
Pelo acordo negociado entre as duas siglas, o deputado federal Eduardo Bismarck (Podemos-CE), filho do ex-prefeito, assumiria o comando da nova sigla no Estado.
Mas, Ciro atua para alçar Jereissati ao posto e, dessa forma, buscar fazer oposição a Elmano no Estado. O - quase ex - pedetista teria prometido levar a bancada para a nova sigla e quer sair candidato ao governo do Estado, confrontando o PT.
Para isso, encontrou bolsonaristas na assembleia, acenando ao ex-presidente como um novo Aldo Rebelo.