Durante uma reunião com lideranças da Câmara realizada na tarde de terça-feira (20), uma nova tentativa do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de pressionar pela aprovação da anistia ampla para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 provocou uma resposta ríspida do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A pauta, considerada por muitos como desgastada e inoportuna, voltou a ser tema de embate acalorado no encontro, que mais uma vez deixou de tratar do que de fato interessa para se debruçar sobre essa demanda da extrema direita.
Nikolas, conhecido por sua postura agressiva e insolente, além da retórica vazia, aproveitou o encontro para emparedar Motta, cobrando um posicionamento público e urgente sobre o projeto que visa anistiar não apenas pessoas supostamente injustiçadas, mas também os principais réus acusados de liderarem a empreitada golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. A provocação gerou uma forte reação do presidente da Casa, que mudou até de semblante.
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Cansado da insistência do parlamentar, Motta afirmou com veemência que não há consenso entre os deputados para avançar com a proposta e deixou claro que o texto não será aprovado à força. Ressaltou que a aprovação do projeto, da forma como está, seria vetada pelo Supremo Tribunal Federal por ser flagrantemente inconstitucional, tornando o esforço inútil.
Além disso, Motta destacou que o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), tentou mascarar a real abrangência do projeto ao reunir assinaturas afirmando que o foco seria em “pessoas injustiçadas”, o que não corresponde à verdade, já que o intuito era claramente livrar Bolsonaro da cadeia. A tentativa de restringir a pauta não teve sucesso e reforçou o embate interno na base governista.
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A reunião também abordou uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, tema que gerou menos tensão e foi tratado de maneira rápida, com o presidente da Câmara lembrando que há uma fila de requerimentos que precisam ser analisados antes.
Apesar das tentativas do PL de pressionar pela votação imediata da anistia, Motta deixou claro que o assunto está suspenso até que haja um consenso entre os líderes partidários, o que parece improvável diante das resistências que o assunto desperta.
No histórico recente, o bolsonarismo tem mantido firme a defesa de uma anistia ampla, geral e irrestrita, mesmo diante dos riscos jurídicos evidentes e da rejeição de parte significativa do Congresso. No último ato realizado em Brasília, com presença do próprio Bolsonaro, foi reafirmado o compromisso de não ceder às críticas e seguir com a mobilização.
O embate entre Motta e Nikolas evidencia o desgaste da estratégia bolsonarista, que enfrenta resistência interna e vê a sua principal bandeira da anistia cada vez mais enfraquecida na Câmara.