ELEIÇÕES 2026

Em Nova York, Tarcísio ganha apoio de banco dos EUA e Jucá ressurge com proposta para Terceira Via

Tarcísio discursou para petit comité de executivos reunidos pelo banco Citi - antigo CitiBank - e teria recebido apoio para ser candidato da terceira via. Romero Jucá ressurge em Nova York. Bolsonaro é carta fora do baralho.

Tarcísio recebe prêmio em Nova York pela privatização da Sabesp e Jucá em lobby na cidade.Créditos: Governo de SP / Instagram Romero Jucá
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Aproveitando os eventos dos grupos lobistas Lide, de João Doria, e Esfera, de João Camargo, em Nova York, o governador de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) voltou a transitar em meio agentes do sistema financeiro e conseguiu angariar um importante apoio para sua pré-candidatura presidencial, como o anti-Lula a terceira via.

Em fevereiro deste ano, quando esteve nos EUA para receber um prêmio pela privatização da Sabesp, o governador paulista confidenciou que será o candidato da terceira via. Tarcísio, no entanto, pediu sigilo para continuar enganando Jair Bolsonaro (PL), já descartado na estrutura política da direita, em razão dos votos de extremistas que orbitam a horda de apoiadores do ex-presidente.

A costura política também exigiria tempo, para incluir o Centrão, a Faria Lima e a burguesia historicamente golpista que se alinhara a Bolsonaro. Com isso tudo amarrado pela articulação via Gilberto Kassab (PSD) e Michel Temer (MDB), Tarcísio se sentiu mais à vontade para bater à porta dos financistas estadunidenses.

Desafeto de Doria, o governador paulista não foi convidado para o evento do Lide. Mas, aproveitou o tempo para bater à porta do Banco Citi - antigo Citibank - onde começou a angariar apoio do sistema financeiro internacional à empreitada ao Planalto.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o Estadão, em edição desta quarta-feira (14), Tarcísio "conseguiu uma fala de pouco mais de 20 minutos no tradicional almoço que o Citi realiza para um petit comité de executivos, conselheiros de empresas e gestoras no restaurante do Museu de Arte Moderna de Nova York, com duas estrelas Michelin, nesta terça-feira".

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O folhetim, um dos representantes da terceira via na mídia liberal, afirmou que o almoço reuniu cerca de 80 pessoas e foi a primeira participação política em 30 anos no evento, que começou como palco para os homenageados do Person of the Year Awards (POY), organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA (Brazilcham).

“Nós não precisamos de pessoas. Nós precisamos de um projeto. Nós precisamos organizar essa energia que nós temos aqui, esse setor que faz a diferença para que a gente possa construir um projeto de Brasil”, teria dito Tarcísio.

Na plateia, além de executivos do banco, estariam representantes de empresas como Braskem, Marfrig, Equipav Saneamento, Pátria Investimentos, Cutrale, Unipar, Agibank, Stone Pagamentos, dentre outras. Ainda de acordo com o jornal, Tarcísio, que ganhou a preferência da terceira após a entrega da Sabes, teria recebido apoio do grupo para a empreitada.

Fator Jucá

Após Temer sair das catacumbas para planejar o "Movimento Brasil", para reaglutinar as forças que participaram do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff na terceira via, e ganhar aceno de Aécio Neves (PSDB), o ex-ministro Romero Jucá ressurgiu e também viajou a Nova York para articular o plano anti-Lula para 2026.

Então ministro do Planejamento, Romero Jucá (MDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, tramaram um "grande acordo nacional".

"Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria", dizia Jucá, em meio às pautas-bomba de Eduardo Cunha (MDB) no Congresso, que minavam o governo Dilma.

"É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional", responde Machado. "Com o Supremo, com tudo", emenda o então ministro, concordando que "a solução mais fácil era botar o Michel". A conversa foi tornada pública pela Folha de S.Paulo apenas em 23 de maio, 11 dias depois que Dilma havia sido afastada da Presidência.

Agora, Jucá articula uma medida para unir o consórcio de governadores, capitaneados por Tarcísio, para que todos possam ter a chance de disputar a Presidência.

O ex-senador, agora lobista, teria proposta a Ronaldo Caiado (União-GO), que também se encontra em Nova York, que o grupo apoie o fim da reeleição para a Presidência. 

Assim, o próximo a ser eleito faria um governo de transição e permitiria que, em 2030, outro membro do grupo entrasse na disputa à sucessão no Planalto.

Após a conversa com Jucá, Caiado teria levado a proposta a Tarcísio e e Eduardo Leite (RS), segundo Vera Magalhães, no jornal O Globo.

"A prosa dominante nesse ensaio geral para 2026 desenrolado nos Estados Unidos é que os cada vez maiores partidos do Centrão deveriam se unir para apresentar uma agenda mínima ao país, a partir da qual se definiriam um ou mais candidatos a presidente. Um dos que costuram essa nova versão da Ponte para o Futuro com que o MDB começou a debandada do governo Dilma Rousseff antes do impeachment é justamente um dos cérebros daquela estratégia e ex-líder de vários governos: Romero Jucá", diz a colunista, alinhada historicamente à burguesia paulista.

Além de Caiado, Tarcísio e Leite, estão em Nova York os governadores Ibaneis Rocha (MDB-DF), Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC) e Raquel Lyra (PSD-PE), além do vice de Romeu Zema (Novo-MG), Mateus Simões (Novo).

Ainda na ala política, estão presentes Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Tereza Cristina (PP-MS), que têm forte ligação com ruralistas; Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. 

Pela Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da casa e relator da proposta que aumenta o Imposto de Renda aos ricaços, discursou. Assim como o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, que comandou o Banco Central no governo golpista de Temer.

Completam o lobby de representantes da burguesia os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, do STF, o procurador-geral da República (PGR) Paulo Gonet, e o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU).

Já no evento da Esfera, de João Camargo, foram convidados representantes do governo federal, como o ministro Renan Filho (Transportes), da cota do MDB, e Jorge Messias, Advogado-Geral da União (AGU), além de Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

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