A Cracolândia, historicamente concentrada em algumas vias do centro paulistano, aparenta ter desaparecido de seu ponto tradicional na Rua dos Protestantes. No entanto, segundo apuração do portal Metrópoles, entre vários vídeos publicados nas redes apontam que o chamado "fluxo" — como é conhecida a aglomeração de usuários de drogas — não cessou, mas se dispersou por diferentes áreas da cidade, como já ocorreu outras vezes ao longo dos mais de 30 anos de existência do fenômeno.
O próprio Secretário Municipal de Segurança Urbana de São Paulo, Orlando Morando, revelou em entrevista à Jovem Pan News que o esvaziamento do local "foi concomitante com a intervenção na Favela do Moinho", pois o local abrigava traficantes.
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O fato, no entanto, é que a ação de Tarcísio de Freitas e o seu governo apenas espalharam a Cracolândia pela cidade, fato que já ocorreu outras vezes durante os 30 anos de existência do local.
Fluxos em outros locais
Comerciantes do entorno da Favela do Gato, no bairro Bom Retiro, relataram um aumento súbito e incomum de pessoas em situação de rua. Na manhã de quarta-feira, a região amanheceu tomada por dezenas de indivíduos que, até pouco tempo, estavam na Cracolândia tradicional. Já na noite anterior, pequenos grupos de usuários foram vistos ocupando praças nas imediações da Avenida do Estado, indicando uma tentativa de reorganização do fluxo.
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A movimentação despertou atenção das autoridades. Um bloqueio da Polícia Civil impediu a entrada de pessoas na comunidade. Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que a operação não tinha relação direta com os usuários de drogas, mas sim com a busca por suspeitos de um roubo ocorrido na manhã de terça-feira no bairro de Santa Cecília, a cerca de quatro quilômetros de distância.
Outro ponto de concentração foi observado na Praça Marechal Deodoro, também na região central. Lá, aproximadamente 60 usuários estavam reunidos na noite de terça-feira. Pelo menos cinco deles conversaram com o Metrópoles e confirmaram que o local tem ficado cada vez mais cheio nos últimos dias. De acordo com estimativas feitas pelos próprios dependentes químicos, a quantidade de pessoas nas madrugadas pode chegar a 500, um número muito próximo ao que se via recentemente na antiga Cracolândia.
A dispersão dos usuários levanta questões sobre a real eficácia das ações de desocupação promovidas pelas autoridades municipais e estaduais. Enquanto a Prefeitura celebra a redução do fluxo na região central tradicional, moradores e comerciantes de outras áreas enfrentam os reflexos do problema, agora pulverizado em novos territórios.
A Cracolândia pode ter mudado de endereço — mais uma vez —, mas não desapareceu.
Veja vídeos abaixo: