CÂMARA FEDERAL

Bilynskyj, que tinha 6 armas quando namorada morreu, usa ironia para desarmar seguranças de Lula

Junto com "delegado" Caveira, Bolsonarista, que protagonizou tiros em seu apartamento, ironiza Lula ao propor PL para desarmar escolta. Relator do caso, Gilvan da Federal - outro extremista - seguiu com chacota ao dar voto favorável

"Delegado" Caveira e Paulo Bilynsky na Câmara, e a modelo Priscila Barrios.Créditos: Elaine Menke PL / Arquivo Pessoal
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Amante da cultura armamentista e apoiador radical de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) apresentou um Projeto de Lei, em parceria com "Delegado" Caveira (PL-GO) - outro extremista -, com o objetivo de proibir "o uso de armas de fogo pelos agentes integrantes da segurança pessoal do Presidente da República e de seus Ministros de Estado".

Na prática, os dois bolsonaristas propuseram desarmar os seguranças de Lula para tentar fazer lacração nas redes esbanjando dinheiro público de seus mandatos, já que a proposta não tem a mínima chance de ser sancionada.

Policial e influenciador digital, Bilynskyj foi eleito na esteira do discurso radical pró armas do clã Bolsonaro após protagonizar a morte da namorada, a modelo Priscila Barrios, de 27 anos, em 20 de maio de 2020 em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Segundo a Polícia Civil, Priscilla teria disparado seis tiros em Bilynskyj por ciúmes. Em seguida ela teria tirado a própria vida com um tiro no peito. 

No apartamento, a polícia encontrou seis armas: uma pistola Glock 9 mm no chão do corredor, uma carabina Taurus CTT 40 sobre o sofá da sala, além de outras armas de fogo sobre a cama de um quarto. Uma grande quantidade de munição, de vários calibres, também foi achada.

O caso foi arquivado pela Justiça paulista em julho de 2022, após o pedido do Ministério Público que concluiu que o caso foi uma tentativa de assassinato seguida de suicídio.

Chacota

No PL apresentado na Câmara, Bilynskyj e Caveira fazem chacota para justificar a proibição de seguranças de Lula fazerm a escolta armada.

"Essa medida visa alinhar os órgãos que realizam a segurança do Presidente da República e de seus Ministros de Estado à visão do atual governo, que não enxerga as armas de fogo como algo benéfico para a sociedade", alegam.

Em seguida, os dois bolsonaristas reproduzem uma fala de Lula pelo desarmamento para "embasar" a justificativa. 

"Segundo o atual Presidente da República: 'Eu não quero ter arma dentro de casa para fazer bem, se eu tiver arma em casa é para me livrar de alguém. E tem gente que gosta, que sai armado mostrando que é poderoso. É um covarde. Quem anda armado é um covarde, tem medo'", escrevem, citando declaração de Lula contra a cultura armamentista.

"A proibição do uso de armas de fogo pelos agentes da segurança pessoal do Presidente da República e de seus Ministros de Estado é uma medida coerente com a visão do atual governo de promover uma cultura de paz, reduzir a violência e buscar soluções não violentas para os desafios de segurança", afirmam ainda.

A ironia segue com o relator do caso na Comissão de Segurança Pública da Câmara, Gilvan da Federal (PL-ES), outro eleito na esteira do bolsonarismo, que se notabilizou por perambular com uma bandeira brasileira no ombro pelo Congresso.

Em voto favorável ao Projeto de Lei, Gilvan cita a chamada de uma reportagem que diz que "segurança de Lula é visto com submetralhadora em manifestação em Campinas" para fazer coro com os colegas extremistas.

"Seguindo a filosofia atual, é moralmente inaceitável o uso do armamento por parte dos seguranças do Presidente da República e de seus Ministros de Estado. Além disso, não há porque as mais altas autoridades do país receberem um tratamento diferenciado da maioria da sociedade, pois
vivemos em um estado democrático de direito e todos somos iguais perante a lei", ironiza o bolsonarista dando parecer favorável ao PL.

Veja os documentos: o PL e o parecer do relator
 

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