A LONGA CAPIVARA

Collor, da Presidência à prisão, uma vida marcada por escândalos; relembre

Preso após mais de 35 anos, recorde aqui todos os casos obscuros que envolveram a trajetória política do ex-presidente

A foto oficial como presidente em 1989.Créditos: Ubirajara Dettimar/Agência Brasil
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O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió (AL), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A detenção ocorreu por volta das 4h, quando Collor se preparava para viajar a Brasília e se entregar à Polícia Federal. Ele foi levado à Superintendência da Polícia Federal em Maceió, onde permanece custodiado.

Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor encerra mais um capítulo de uma trajetória política marcada por polêmicas desde seu impeachment em 1992. Relembre, a seguir, os principais escândalos que envolveram o ex-mandatário.

O Fiat Elba que derrubou um presidente

A compra de um Fiat Elba Weekend 1991, feita em nome do então presidente da República, tornou-se o estopim para o início do processo de impeachment de Fernando Collor. A denúncia apontava que o veículo havia sido comprado com recursos desviados por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Collor.

A operação teria sido intermediada por um suposto funcionário fantasma, José Carlos Bonfim, e foi considerada pela Comissão Parlamentar de Inquérito uma das provas mais consistentes de corrupção passiva. Mesmo assim, em 1994, o STF absolveu Collor por falta de provas.

O esquema de PC Farias

As denúncias mais graves contra Collor vieram de seu próprio irmão, Pedro Collor, que afirmou à revista Veja que PC Farias operava um esquema de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações com o conhecimento do então presidente.

O escândalo culminou na fuga de PC Farias para o exterior e sua posterior prisão na Tailândia. As revelações foram decisivas para a abertura do processo de impeachment.

O confisco da poupança

Em 1990, o governo Collor anunciou o Plano Collor para conter a hiperinflação, que à época chegava a 84% ao mês. Uma das medidas mais controversas foi o confisco de contas-poupança e investimentos de todos os brasileiros.

Cerca de 80% do dinheiro aplicado no sistema financeiro foi bloqueado por até 18 meses, gerando enorme insatisfação popular. Três décadas depois, Collor chegou a pedir desculpas publicamente pela medida.

O movimento dos 'caras-pintadas'

A insatisfação popular ganhou as ruas em 1992 com o movimento estudantil dos "caras-pintadas". Jovens de todo o país organizaram protestos exigindo a saída de Collor da Presidência, o que aumentou a pressão sobre o Congresso.

Impeachment e renúncia frustrada

O processo de impeachment teve início formal em setembro de 1992, com a criação de uma comissão na Câmara dos Deputados. No fim do mês, Collor foi afastado por 441 votos favoráveis e apenas 38 contrários.

Ao perceber a iminente condenação no Senado, Collor tentou renunciar ao cargo em dezembro do mesmo ano, mas a estratégia não impediu a conclusão do julgamento e a perda de seus direitos políticos.

Polêmicas e declarações infames

Durante seu mandato, Collor buscava se mostrar como um presidente jovem e vigoroso, promovendo sua imagem em atividades como esportes e jet-ski. Em uma dessas tentativas, fez a infame declaração de que tinha "aquilo roxo", referindo-se de forma vulgar à sua virilidade — o que gerou forte repercussão negativa.

Memórias da ex-primeira-dama e rituais na Casa da Dinda

Em 2012, a ex-primeira-dama Rosane Collor anunciou um livro de memórias, revelando que o marido participava de rituais de magia na Casa da Dinda, residência oficial do casal em Brasília.

O imóvel também esteve no centro de escândalos financeiros. Durante o processo de impeachment, foi denunciado o superfaturamento de US$ 2,5 milhões na reforma dos jardins da casa, bancada por contas fantasmas ligadas a PC Farias.

Casa da Dinda na mira da Lava Jato

Em 2014, a Casa da Dinda voltou às manchetes durante a Operação Lava Jato. A Polícia Federal apreendeu três carros de luxo pertencentes a Collor: uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata, avaliados em milhões de reais.

A prisão de Fernando Collor em 2025 encerra simbolicamente uma carreira política que oscilou entre o estrelato e o escândalo. Da presidência ao banco dos réus, a trajetória do "caçador de marajás" tornou-se um dos capítulos mais controversos da história recente do Brasil.

Com informações do Globo

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