Após ter sido anunciado em 10 de abril como novo ministro das Comunicações do governo Lula, o líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), decidiu recusar o convite.
Tudo estava acertado para que o parlamentar assumisse a pasta em substituição a outro nome do União, Juscelino Filho, que havia pedido demissão dois dias antes, após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de envolvimento em um suposto desvio de emendas quando era deputado federal pelo Maranhão, em 2022.
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Pedro Lucas pediu apenas um tempo para resolver questões pessoais e assumir após o feriado. Contudo, um dia após a reunião no Alvorada que havia selado sua ida para o Ministério, divulgou uma nota afirmando que precisaria consultar a bancada da legenda na Câmara antes de tomar uma decisão.
Bancada rachada
A ida de Pedro Lucas para o Ministério, segundo avaliou o próprio parlamentar nos dias seguintes à reunião no Alvorada, abriria uma disputa na bancada que poderia enfraquecer seu grupo político, ligado ao presidente nacional do partido, Antonio Rueda.
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O deputado, da ala governista da legenda, foi presidente da Agência Executiva Metropolitana, autarquia responsável pela administração da Região Metropolitana da Grande São Luís, na gestão do então governador do Maranhão, Flávio Dino.
Para chegar à liderança da bancada, Pedro Lucas passou por um processo de três meses de negociações, segundo a Folha, num embate entre políticos alinhados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), e um grupo que defende afastamento do governo Lula.
Se o atual líder saísse, seria necessário um novo processo de escolha interna, e um racha era quase certo. Ainda mais levando-se em conta que 40 dos 59 deputados da bancada assinaram o pedido de requerimento de urgência do PL da Anistia, em oposição à postura do governo.
Efeitos da desistência
Pedro Lucas emitiu uma nota nesta terça-feira oficializando sua desistência."Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados", disse.
O governo ainda não decidiu como vai proceder a partir de agora. O provável, no entanto, é que, mesmo com a postura que governistas acharam desrespeitosa, não seja possível abrir mão do União Brasil (ainda que seja só parte dele). Alcolumbre e Rueda devem definir uma nova indicação para o Ministério nas próximas horas, inclusive para evitar uma possível reacomodação com Celso Sabino (também do União Brasil, titular do Turismo) indo para Comunicações.
