MOBILIZAÇÃO

A nova estratégia do PL para beneficiar os presos do 8 de janeiro

Após obstrução na Câmara e anúncio de um pedido para sustar ação penal contra Alexandre Ramagem, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro abre nova frente de ação, desta vez na Justiça

Deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, em discurso na Casa
Deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, em discurso na CasaCréditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O PL ingressou com um pedido de habeas corpus coletivo para todos os presos e condenados pelos atos golpistas do 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (2). 

Conforme a CBN, a ação judicial foi impetrada pelo líder da oposição na Câmara dos Deputados, o tenente-coronel Zucco (RS). A existência de supostas violações de direitos humanos fundamenta o pedido.

"Vamos protocolar um pedido de habeas corpus coletivo para as pessoas cumprirem pena em casa, idosos e com filhos menores, para que as prisões sejam convertidas em domiciliares, como a da cabeleireira Débora", afirmou o líder da oposição.

Na sessão que aceitou a denúncia contra Bolsonaro e outros sete réus pela tentativa de golpe, o ministro Alexandre de Moraes apresentou dados estatísticos sobre as pessoas condenadas pelos atos de 8 de janeiro de 2023, para desmistificar o que ele qualificou como narrativa de "velhinhas com a Bília na mão". Ele destacou que houve 497 condenações e 91% (454 casos) são pessoas com menos de 59 anos de idade, com 7% (36 casos) sendo idosos entre 60 e 69 anos e 2% (7 casos) pessoas com mais de 70 anos.

A ação é mais uma movimentação política do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, chamando a atenção para o PL da Anistia, que a oposição busca emplacar no Legislativo. A expectativa é que o STF negue o Habeas Corpus.

Suspensão da ação contra Ramagem

Uma outra brecha jurídica que o PL tenta trabalhar foi anunciada nesta terça-feira (1º). A legenda anunciou um pedido para suspender a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) por conta do seu envolvimento na tentativa de golpe denunciada pela Procuradoria Geral da República (PGR).

O líder do partido Sóstenes Cavalcante (RJ) argumenta que o pedido para sustar a ação penal contra o deputado está prevista na Constituição. O artigo 53 prevê a possibilidade de suspensão de processos contra parlamentares, desde que a denúncia tenha sido apresentada por crime ocorrido após a diplomação e o pedido seja aprovado por maioria absoluta do plenário da Casa correspondente, a Câmara ou o Senado.

Questionado se a sustação da ação penal poderia beneficiar os outros réus, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Sóstenes afirmou que ainda haverá um debate jurídico sobre o tema.

Ao Valor Econômico, o advogado do PL, Marcelo Bessa, afirmou que, no seu entendimento, a medida pode alcançar todos os réus, incluindo Bolsonaro, já que a ação penal não foi desmembrada pelo Ministério Público Federal (MPF) no momento da denúncia, e, ao ser suspensa, todos poderiam ser afetados.

Mesmo com essa possibilidade, Bessa reconhece que a ausência de jurisprudência para um caso como esse pode gerar discussões sobre os efeitos que uma eventual sustação poderia ter.

Obstrução na Câmara

Após uma reunião realizada também nesta terça-feira, entre o líder do PL na Câmara e o presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), com a presença também do vice-presidente Altineu Côrtes (PL-RJ), a legenda não conseguiu obter garantias de que o PL da Anistia seria colocado em pauta.

A partir daí, o partido passou a orientar os parlamentares da legenda a obstruírem os trabalhos da Casa. Os deputados do partido não registram presença no plenário e nas comissões, exceto nos colegiados comandados por bolsonaristas, como segurança pública e de relações exteriores e defesa nacional.

Por conta da votação da Lei da Reciprocidade nesta quarta, o partido retirou a obstrução atendendo a um pedido da Frente Parlamentar da Agropecuária. "Estamos aqui porque o agronegócio brasileiro tem no PL todo o nosso apoio. Não vamos boicotar quem mais produz", disse Sóstenes.

 

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