O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem passado mais tempo nos EUA do que no Brasil, mostrou, mais uma vez, que está em pânico com a possível retenção de seu passaporte e fez uma provocação infantil contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de seu perfil no X, o deputado Eduardo Bolsonaro fez uma provocação infantil contra Moraes e o classificou como "todo-poderoso".
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"É impressão minha ou já se passaram os 5 dias que Moraes deu de prazo para o PGR responder se o regime vai ou não apreender meu passaporte? Estranho... O que eles estão esperando? Pois eu não posso acreditar que o PGR está desrespeitando um prazo do Todo-Poderoso. Concordam?", declarou Eduardo Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro se desespera com possível apreensão de seu passaporte
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está em pânico diante da possibilidade de ter seu passaporte apreendido e ser investigado e até mesmo preso por conspiração contra o Brasil. Em uma série de declarações nos últimos dias, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou ataques contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tenta se vitimizar por ser alvo de representações na Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Eduardo Bolsonaro viajou ao menos três vezes aos Estados Unidos desde a posse do presidente Donald Trump, em janeiro, e segue no país da América do Norte – abandonando completamente seu "trabalho" como deputado federal em Brasília. Ele tem articulado com políticos do Partido Republicano sanções contra o próprio país e tentando impedir a entrada de Moraes em território americano. Essa conduta resultou em ações recentes contra ele no Conselho de Ética da Câmara e na PGR, protocoladas por deputados petistas, que pedem a cassação de seu mandato e apreensão de passaporte por crime de lesa-pátria e tentativa de coação ao Judiciário brasileiro.
Diante da iminência de Eduardo Bolsonaro ter seu passaporte apreendido ou ser preso, o blogueiro foragido Allan dos Santos, que fugiu para os EUA para evitar o cumprimento de ordem de prisão no Brasil, não hesitou em aconselhar Eduardo a permanecer no exterior. Em uma publicação curta, mas reveladora, o extremista de direita escreveu: "O @BolsonaroSP não deveria voltar para o Brasil." O recado, vindo de alguém que já buscou refúgio nos EUA para escapar da Justiça brasileira, escancara o temor de que o deputado bolsonarista possa acabar atrás das grades caso retorne ao país.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, parece cada vez mais acuado. Em um vídeo publicado nesta segunda-feira (3), tentou minimizar sua atuação contra o Brasil no exterior e disparou ataques a Moraes. Em tom de indignação, afirmou:
"Obviamente, isso não tem nada a ver com a possibilidade de eu ser presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Afinal de contas, eles sabem que nessa posição, muitas portas, não só nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro, se abririam para mim. E é um perigo para todo regime uma pessoa denunciar os crimes que esse regime tem feito".
Além de tentar se apresentar como vítima, Eduardo usou a retórica conspiratória para sugerir que Moraes estaria manipulando os processos contra ele em conluio com deputados petistas.
A postura do parlamentar destoa do tom desafiador que adotava anteriormente. Em outra gravação recente, em que tentava se mostrar valente, chegou a dizer que só seria silenciado se "mandassem cortar sua língua". Agora, com a recomendação explícita de Allan dos Santos para que não volte ao Brasil, a narrativa mudou: o que antes era um embate "pela liberdade" parece estar se transformando em medo real da cadeia.
A PGR analisa a possibilidade de apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro e, caso a medida seja deferida, ele poderá perder o direito de continuar viajando aos Estados Unidos para conspirar contra o Brasil. A representação apresentada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) acusa o filho de Bolsonaro de atentar contra o interesse nacional e buscar embaraçar investigações conduzidas pelo STF que apuram tentativa de golpe de Estado e que devem levar o pai do deputado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, à cadeia.
Entenda
Na última quinta-feira (27), o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou uma representação à PGR solicitando uma investigação contra Eduardo Bolsonaro. No documento, ele pede que o Ministério Público Federal adote providências contra o deputado do PL e avalie a apreensão de seu passaporte, impedindo-o de continuar viajando aos EUA para conspirar contra o Brasil.
Correia argumenta que Eduardo Bolsonaro "patrocina, em Estado estrangeiro, retaliações contra o País e também contra um dos integrantes do Supremo Tribunal Federal", além de buscar "causar embaraço à investigação em curso no STF".
A representação cita uma reportagem da Fórum revelando que Eduardo Bolsonaro já esteve nos EUA ao menos três vezes desde a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro de 2025, articulando com deputados republicanos a aprovação de um projeto de lei para impedir a entrada de Alexandre de Moraes no país. O documento foi aprovado em um Comitê da Câmara dos EUA e segue agora para votação no plenário da Casa Legislativa americana.
Correia argumenta que a conduta do filho de Bolsonaro pode ser enquadrada como crime contra o interesse nacional e cita os artigos 2º da Lei 12.850/2013, que trata de organização criminosa, e o artigo 344 do Código Penal, que pune a coação no curso do processo.
Ação no Conselho de Ética
O PT, representado pela presidenta Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), ingressou, também na última quinta-feira (27), com pedido de abertura de procedimento para investigar uma possível quebra de decoro parlamentar de Eduardo Bolsonaro por conspirar contra o Brasil na articulação que tem feito junto a parlamentares republicanos e o governo Trump nos EUA.
Na representação, entregue ao presidente da Câmara Hugo Motta, o PT pede a "abertura de processo ético disciplinar, por quebra de decoro parlamentar do Deputado ora Representado" para ser analisado "à luz das penalidades descritas no art. 10 do Código de Ética e Disciplina Parlamentar".
O artigo citado prevê quatro penalidades ao deputado, caso seja condenado: censura verbal ou escrita, suspensão de prerrogativas regimentais por até seis meses, suspensão do exercício do mandato por até seis meses ou perda de mandato.