TRAMA GOLPISTA

Defesa de Braga Netto contesta denúncia na acusação sobre tentativa de golpe

Defesa de Braga Netto pede nulidade da delacão de Mauro Cid, mas investigação segue com provas independentes

Créditos: Marcos Corrêa/PR
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A defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, contesta as acusações contra ele na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em petição encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados alegam que a denúncia é "fantasiosa e incoerente", apontando supostas contradições nos depoimentos do delator Mauro Cid e alegando que a defesa não teve acesso amplo às provas do processo.

Assim como Bolsonaro, Braga Netto questiona a validade da delação de Mauro Cid, alegando ilegalidades e inconsistências, mas, ao mesmo tempo, reclama que a PGR enviou um volume excessivo de documentos, o que demonstra uma contradição na argumentação da defesa.

O documento assinado pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua aponta que a denúncia da PGR se baseia em sete supostos planos para atentar contra a democracia, incluindo o "Copa 2022", no qual Braga Netto é diretamente implicado. Segundo os advogados, não há provas concretas de que o general teria financiado qualquer esquema golpista e que a única evidência apresentada pela acusação é a palavra do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A defesa também questiona a legalidade da delação premiada de Mauro Cid, argumentando que o acordo foi firmado sem a anuência da PGR e que há indícios de coação por parte da Polícia Federal. A petição menciona áudios divulgados pela revista Veja, nos quais Cid supostamente afirma que foi pressionado a confirmar uma narrativa já definida pelos investigadores.

Além disso, os advogados criticam a metodologia da acusação, alegando que houve um "document dump" — a prática de despejar um grande volume de documentos desorganizados sobre a defesa, dificultando a análise do material e o contraditório. Segundo o documento, a defesa recebeu mais de 70 gigabytes de arquivos, mas muitos deles estariam incompletos ou sem indicação clara de como foram obtidos.

A petição também questiona a conexão de Braga Netto com os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando golpistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. A acusação menciona que o general teria sido um dos articuladores das manifestações antidemocráticas, mas a defesa argumenta que não há qualquer prova concreta dessa participação. Segundo a defesa, a PGR baseia sua tese apenas na afirmação de Cid de que o general mantinha contato com os manifestantes acampados em frente a quartéis.

Outro ponto abordado pelos advogados é a suposta participação do general na produção de um relatório do Partido Liberal (PL), que questionava a lisura do processo eleitoral. A defesa alega que não há qualquer prova de que Braga Netto sabia de eventuais falsificações no documento apresentado pelo partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Diante dessas alegações, a defesa pede a rejeição da denúncia com base na ausência de justa causa, alegando que a acusação carece de provas materiais e se sustenta em depoimentos contraditórios e supostamente obtidos sob coação. Caso a denúncia não seja rejeitada, os advogados solicitam que o STF conceda amplo acesso às provas do processo e anule o acordo de delação de Mauro Cid.

Pedido de nulidade pode não impactar caso

Embora o pedido de nulidade da delação de Mauro Cid seja um ponto central na defesa de Braga Netto, a investigação da PF não se baseia exclusivamente nas declarações do ex-ajudante de ordens. A polícia reuniu outras provas, como mensagens, documentos e depoimentos adicionais, que reforçam a tese de uma articulação golpista.

Caso a nulidade da delação seja aceita pelo STF, isso pouco mudaria o curso do processo, já que os investigadores possuem um conjunto independente de elementos probatórios.

A defesa, porém, insiste que a acusação é frágil e carente de provas concretas, pedindo que a denúncia seja rejeitada pelo STF por falta de justa causa.

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