DEMOCRACIA

Sem Anistia: presidente da Câmara joga água fria nos planos dos bolsonaristas

Interlocutores de Hugo Motta garantem que são “zero” as chances de votação do PL que quer anistiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro

Interlocutores de Hugo Motta garantem que são “zero” as chances de votação do PL que quer anistiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Sem Anistia: presidente da Câmara joga água fria nos planos dos bolsonaristas.Interlocutores de Hugo Motta garantem que são “zero” as chances de votação do PL que quer anistiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.Créditos: Ricardo Stucker (PR)
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Interlocutores do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), garantem que são “zero” as chances de o parlamentar colocar em votação o projeto que prevê anistia para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

As informações são da GloboNews, que nesta quinta-feira (27) reportou essa avaliação, que ocorre em meio à movimentação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que voltaram a defender abertamente a aprovação da proposta. 

Segundo lideranças do PL, o objetivo é votar o projeto na primeira quinzena de abril e, para isso, têm buscado o apoio de outras siglas no Congresso.

No entanto, aliados de Motta afirmam que o presidente da Câmara não vê motivo para pautar o texto agora e teme o impacto político de um eventual avanço da proposta.

A preocupação central seria o risco de desgaste na relação com o presidente Lula, com quem tem mantido interlocução constante — inclusive o acompanha na viagem oficial a países da Ásia nesta semana.

Governo diz que não há “clima” para votação

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse à GloboNews que “não há clima” na Casa para votar a anistia neste momento. Para ele, insistir no tema pode prejudicar o diálogo político e travar outras pautas consideradas prioritárias.

“É um erro querer levar esse debate agora ao plenário. Interdita o diálogo que está sendo feito com muita articulação entre o presidente da Câmara e os líderes partidários”, afirmou.

Guimarães ainda destacou que o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) não foi concluído e que a votação da anistia agora poderia atrapalhar a tramitação de projetos importantes, como o da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

STF torna Bolsonaro réu, e oposição pressiona por anistia

A pressão pela votação do PL da Anistia cresceu após a decisão da Primeira Turma do STF, na quarta-feira (26), que tornou réus, por unanimidade, Jair Bolsonaro e outros sete aliados acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

Todos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. 

Segundo os ministros da Corte e os procuradores, há ligação direta entre os atos golpistas e uma trama para impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder, com conexões também com os ataques em Brasília em dezembro de 2022, os bloqueios de rodovias após as eleições e os eventos de 8 de janeiro de 2023.

Diante da decisão do STF, o líder da oposição na Câmara, tenente-coronel Zucco (PL-RS), afirmou que a intenção é articular a votação da proposta de anistia até meados de abril.

Segundo fontes próximas a Hugo Motta, ele deve reunir-se com parlamentares favoráveis ao projeto no dia 1º de abril, e o tema também poderá ser discutido na reunião de líderes partidários agendada para 3 de abril.

O que é o PL da Anistia?

O Projeto de Lei da Anistia, PL 2858/2022, de autoria do deputado bolsonarista Major Victor Hugo (PL-GO) busca perdoar judicialmente manifestantes e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que foram condenados ou processados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.

A proposta vem sendo articulada principalmente por parlamentares da bancada bolsonarista, que a classificam como uma “reparação” a pessoas que, segundo eles, “excederam no direito de manifestação”, mas que não deveriam ser tratadas como golpistas.

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