AFUNDANDO...

Por que os bolsonaristas estão furiosos com o “mito”; veja os dois motivos

Ex-presidente, que vive seu pior momento político e agora é réu, contraria todo mundo. Mas foram duas ações suas na quarta-feira (26) que geraram desespero nos aliados

Créditos: Reprodução redes sociais
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O bolsonarismo tem todos os contornos de uma seita, um tipo de agrupamento humano difícil de se penetrar e com forte tendência de veneração a uma figura vista como “divina”. Só que mesmo nas seitas, sempre há algumas ovelhas que percebem algo de estranho e passam a questionar sua presença no rebanho. Num momento de crise absoluta para o ex-presidente, mesmo sendo endeusado, muita gente vem se perguntando até onde se deve manter apoio a uma figura tão errática e bizarra, que mente o tempo todo e que só vive metendo os pés pelas mãos.

Após a confirmação da aceitação da denúncia oferecida pela PGR ao STF, que tornou Bolsonaro réu pelo crime de tentativa de golpe de Estado, na quarta-feira (26), duas condutas do líder máximo da extrema direita deixaram seus correligionários do mundo político furiosos, a ponto de um questionamento generalizado surgir nos bastidores, já que, por ora, quase ninguém tem coragem de enfrentá-lo publicamente.

A primeira delas foi a ida de Bolsonaro para o gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), dentro do Senado Federal, após o ex-presidente ter sido vítima de uma fake news que o deixou ainda mais afobado do que ele já é. Ao ouvir o boato de que uma tornozeleira eletrônica seria colocada em sua perna ao final da sessão de admissibilidade da denúncia, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, o antigo ocupante do Palácio do Planalto literalmente fugiu para um local que, em tese, é inviolável e onde não poderia receber o equipamento em sua perna, embora a história fosse falsa e cretina, já que não é assim que funciona a colocação desse instrumento de monitoramento, visto que normalmente dá-se um prazo de alguns dias para que o réu compareça ao Fórum para a instalação da tornozeleira.

No mundo real, fora da bolha radicalizada, o gesto de Bolsonaro foi interpretado como uma covardia absoluta. Ele só aumenta sua fama de “bundão” e “medroso” com esse tipo de fobia incontrolável em relação a uma possível prisão. O problema é que no mundo paralelo do bolsonarismo a atitude também pegou muito, já que os “patriotas” golpistas do 8 de Janeiro seguem presos e pagando pelos crimes que cometeram, ao passo que seu líder venerado se treme todo de medo ao ouvir a palavra “cadeia”. Até o netinho do ditador João Baptista Figueiredo, Paulo Figueiredo Júnior, foi às redes atacar frontalmente o “capitão” pela sua escapada para o Senado depois de ter tido uma atitude “nobre” e “corajosa” ao comparecer ao STF no primeiro dia de julgamento.

Outra atitude que gerou revolta nos bolsonaristas foi a entrevista dada pelo antigo presidente na saída do Senado, logo após o encerramento do julgamento no STF. Ele falou longamente e, sobretudo, coisas que não deveria ter falado. Como diz o ditado, “quem fala demais, acaba dando bom dia para cavalo”, e parece mesmo que foi o que aconteceu.

Bolsonaro voltou a vomitar teses conspiratórias ridículas, botou o atual governo no meio da história para tentar politizar a questão, atacou ferozmente e de forma mal-educada o Supremo e principalmente o ministro Alexandre de Moraes. Enfim, berrou, esperneou e ainda foi interrompido por um trompetista que, ao longe, executou uma marcha fúnebre que viralizou nas redes e tornou o “mito” ainda mais motivo de piadas.

Isso também criou um mal-estar incontornável entre os integrantes de sua trupe no Congresso. Para além de um ato de covardia sem tamanho ao fugir do próprio julgamento, o ex-presidente e líder máximo da seita ideologicamente ultrarreacionária ainda vai para um local se cercar de uma multidão de jornalistas para se colocar numa posição humilhante, embaraçosa e constrangedora.

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