"NÃO TINHA IDEIA"

VÍDEO: A versão de “Débora do batom” para sua prisão no 8 de Janeiro

O problema é que ela saiu do interior de SP e foi até Brasília, ficou acampada nas tendas golpistas do QG do Exército e ainda apagou provas de seus dispositivos. Isso ela não conta

Bolsonarista Débora Rodrigues dos Santos, a.Créditos: Frame de vídeo das redes sociais/Reprodução
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Um vídeo com o depoimento e um pedido de desculpas da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa em 17 de março de 2023 por ter participado da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro daquele ano, foi publicado na noite desta quarta-feira (26) pelo jornal Folha de S.Paulo, e vem tendo grande repercussão.

Conhecida nas redes bolsonaristas como “Débora do batom”, ela virou uma espécie de símbolo dos grupos ultrarreacionários que pedem anistia para os golpistas criminoso que quase acabaram com a democracia no Brasil, e seu apelido vem do fato de a mulher ter fica famosa por aparecer pichando a estátua da Justiça que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal com a frase “Perdeu, mané”, usada meses antes pelo ministro Luís Roberto Barroso para se dirigir a extremistas derrotados nas urnas que o provocavam em Nova York.

Diante do episódio envolvendo o objeto de maquiagem, as franjas bolsonaristas, assim como os parlamentares do grupo ideológico e até o ex-presidente de extrema direita, vêm insistindo numa tese infantil e mentirosa de que Débora teria sido presa, podendo pegar até 14 anos de cadeia, apenas por ter escrito a frase de protesto no monumento localizado na frente do STF.

“Eu só queria dizer que não foi nada premeditado, que eu sou uma cidadã do bem, e eu fui aos atos e não imaginava que seriam tão conturbados do jeito que foi... E eu fui por conta própria, de ônibus, né... E quando me deparei lá em Brasília com o movimento, eu não fazia ideia do bem financeiro e simbólico da estátua. Quando eu estava lá já tinha uma pessoa fazendo a pichação. Faltou talvez um pouco de malícia da minha parte, porque ele começou a escrita e falou assim: ‘Eu tenho a letra muito feia, moça, você pode me ajudar a escrever?’. E aí eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro [Luís Roberto] Barroso”, diz Débora no vídeo.

Ela ainda afirmou que não entrou em nenhum dos prédios públicos que foram destruídos e que “nunca se separou dos filhos”, dizendo que a distância provocada pela prisão “tem feito eles sofrerem demais”, acrescentando que “agiu no calor do momento”.

É inegável que Débora tem direito à defesa e que pode contar a versão que bem entender às autoridades, mas o inquérito profundo e minucioso da Polícia Federal onde seu nome aparece mostra uma outra realidade. Segundo a investigação, a cabeleireira bolsonarista saiu de Paulínia, no interior de São Paulo, e foi até Brasília para se instalar nos acampamentos golpistas montados na frente do Quartel-General do Exército na capital federal, tendo permanecido lá por dias ou até semanas, o que joga por terra sua versão sobre “nunca ter se afastado dos filhos”.

Outro ponto central desmentido da história apresentada por Débora é sobre “o homem que escrevia na estátua e que pediu sua ajuda”. Não ficou claro porque um homem carregaria um batom, algo que também fica difícil de acreditar ao conferir os registros do momento da pichação, que mostram ela escrevendo no monumento e pedindo para ser fotografada por algumas pessoas ao lado do vandalismo que acabara de cometer, sorridente, inclusive com o rosto com uma espécie de “pintura de guerra” feita com o mesmo batom.

A Polícia Federal mostrou também no curso das investigações que Débora compreendia perfeitamente o caráter criminoso da ação em que estava se envolvendo, e que ela apagou todo o histórico de provas que guardava em seus dispositivos eletrônicos no período entre os dias que antecederam sua ida a Brasília e as semanas posteriores ao 8 de janeiro de 2023.

Veja o vídeo de Débora:

 

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