Em pânico com a proximidade do início de seu julgamento por comandar a quadrilha que tentou um golpe de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro (PL) foi às redes e se comparou a Donald Trump, presidente dos EUA, ao atacar a decisão de Cristiano Zanin, que definiu a data para início da tramitação do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na rede X, Bolsonaro publicou um longo texto nesta quinta-feira (14) em que começa se comparando ao presidente dos EUA, que chegou a ser condenado criminalmente por ocultar pagamento à atriz pornô Stormy Daniels antes de voltar à Casa Branca.
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O bilionário, que retornou à Presidência dos EUA, ainda foi condenado por crimes financeiros empresariais, em esquema de suborno em Nova York e é acusado por uma tentativa de golpe em 2020, quando a horda de radicais que o apoia invadiu o Capitólio, sede do legislativo dos EUA.
Na publicação, em que compartilha uma notícia de que Zanin marcou para 25 de março o julgamento da denúncia, o ex-presidente diz que Trump superou as "ridículas acusações de 'insurreição'".
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"Nos EUA, a perseguição contra Donald Trump e as ridículas acusações de 'insurreição' levaram quase 5 anos para serem convertidas em denúncia formal – e depois foram reduzidas a pó pela escolha soberana do povo americano. Tudo correu na primeira instância, com uma breve consulta à Suprema Corte sobre matéria constitucional", escreve Bolsonaro.
O ex-presidente relata ainda um processo que corre na Alemanha envolvendo um grupo de extremistas de ultradireita - muito semelhante à horda bolsonarista - "envolvendo suspeitas realmente sérias sobreum grupo acusado de planejar um golpe de Estado em 2022".
Assim como a ala radical do bolsonarismo no Brasil, o grupo de extrema direita denominado "União Patriótica", que tem laços estreitos com o movimento Reichsbürger ("Cidadãos do Império Alemão"), alimenta um "conglomerado de teorias da conspiração", segundo a procuradoria, e planejou um ataque ao Bundestag, sede do parlamento alemão.
"Desde agosto de 2021, o pequeno grupo preparava, com um braço armado, a invasão do Bundestag em Berlim, com o objetivo de prender os deputados e derrubar o sistema", aponta a denúncia, muito similar a que foi feita contra a organização criminosa bolsonarista no Brasil.
Ataques ao judiciário
Em seguida, Bolsonaro parte para uma série de ataques, tentando desqualificar a Justiça brasileira para alimentar a narrativa de "perseguição" pela "ditadura do judiciário".
"No Brasil, que tem a 30ª justiça mais lenta do mundo, segundo o Banco Mundial; o judiciário mais caro do mundo, segundo diversas fontes; que não está nem entre os 70 melhores no ranking global de Estado de Direito; e que só supera a Venezuela em imparcialidade... Mas nesse Brasil de índices que impressionam negativamente, um inquérito repleto de problemas e irregularidades contra mim e outras 33 pessoas está indo a julgamento em apenas 1 ano e 1 mês", diz, em tom de pânico, o ex-presidente.
Bolsonaro ainda mente sobre o processo, que foi instaurado logo após os atos golpistas de 8 de Janeiro e provocou uma série de diligências da Polícia Federal nos últimos dois anos.
Por fim, o ex-presidente cita pesquisas de intenção de voto sobre as eleições de 2026, embora esteja inelegível e possa estar na cadeia até lá.
"Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz. Mas só quando o alvo está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para Presidente da República nas eleições de 2026".