O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou nesta segunda-feira (10) que seu partido só aceitará que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) seja o presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) se o passaporte do extremista for apreendido.
O PL, maior partido da Câmara, já anunciou que indicará Eduardo para presidir o colegiado e o PT faz uma ofensiva para impedir que ele assuma o posto. Segundo Lindbergh Farias, o filho de Jair Bolsonaro "tem em utilizado seu mandato parlamentar para conspirar junto à extrema direita e ao governo de Donald Trump contra o Brasil".
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"É INACEITÁVEL que ele utilize o parlamento brasileiro para continuar com sua campanha atentatória contra a Justiça brasileira e os interesses nacionais. Nós vamos resistir de todas as formas contra a sua indicação. O que ele tem feito é crime de lesa-pátria, é traição!", escreveu Lindbergh em suas redes sociais.
Em conversa com a imprensa logo após a cerimônia de posse de Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais e Alexandre Padilha como ministro da Saúde, Lindbergh detalhou a estratégia do PT: seu partido está disposto a abrir mão de qualquer comissão para impedir que o extremista comande o colegiado.
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“A gente desiste de qualquer coisa para impedir que ele entre”, declarou.
Lindbergh, contudo, trabalha ainda com um cenário em que o PT aceite Eduardo Bolsonaro no comando da Comissão de Relações Exteriores: com a condição de que o deputado tenha seu passaporte apreendido.
O líder petista é autor, juntamente com o deputado Rogério Correia (PT-MG), de uma ação na Procuradoria-Geral da República (PGR) que pede a apreensão do passaporte de Eduardo por conspiração contra o Brasil nos EUA. A decisão sobre o pedido deve ser anunciada esta semana.
Eduardo Bolsonaro, conspiração contra o Brasil e a questão chinesa
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está praticamente morando nos Estados Unidos e já cogita não retornar ao Brasil. Desde que Donald Trump reassumiu a presidência em janeiro, o deputado federal viajou três vezes ao país norte-americano, onde tem permanecido para articular ataques ao governo brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O filho de Jair Bolsonaro tem se aliado a parlamentares da extrema direita estadunidense para pressionar o governo dos EUA a adotar retaliações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a trama golpista, e até mesmo sanções contra o Brasil.
O objetivo é claro: constranger Moraes e o governo Lula com o respaldo dos EUA, tentando influenciar o curso da investigação sobre a tentativa de golpe. A intenção final é livrar Jair Bolsonaro da prisão e reabilitá-lo politicamente para um eventual retorno ao Palácio do Planalto. Além disso, Eduardo Bolsonaro aposta na imposição de sanções norte-americanas contra o Brasil como forma de enfraquecer a gestão de Lula e pavimentar o caminho para que seu pai volte ao poder.
Diante dessas articulações, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo que Eduardo seja investigado e tenha o passaporte apreendido. O petista argumenta que as ações do parlamentar configuram crime de lesa-pátria e tentativa de interferência no curso das investigações conduzidas pelo Judiciário brasileiro.
A conspiração de Eduardo Bolsonaro, no entanto, não se limita a pressões contra Moraes e o STF. O deputado também tem se movimentado para minar as relações comerciais entre Brasil e China, favorecendo os interesses de Washington. O fortalecimento das parcerias sino-brasileiras representa uma ameaça à influência dos EUA no país, e Eduardo busca barrar acordos estratégicos firmados entre os dois governos.
Em entrevista a um canal de extrema direita dos EUA nesta terça-feira (4), o deputado afirmou que a representação de Rogério Correia tem como objetivo impedir que ele assuma a presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (Creden) da Câmara dos Deputados. O comando das comissões será definido na próxima semana pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e parlamentares governistas se articulam para impedir que Eduardo assuma o colegiado.
Na mesma entrevista, Eduardo Bolsonaro deixou claro que, caso presida a Comissão de Relações Exteriores, trabalhará para dificultar a aprovação dos acordos firmados entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês Xi Jinping. Sua estratégia envolve barrar esses tratados dentro da comissão, enfraquecendo as relações sino-brasileiras e beneficiando diretamente o governo Trump.
Ao compartilhar a entrevista em seu canal no Telegram, Eduardo Bolsonaro deixou clara essa intenção:
"Entre os 37 acordos assinados por Lula com Xi Jinping no G20, que precisam ser aprovados na Comissão, estão temas sensíveis como tecnologia nuclear, fornecimento de urânio, telecomunicações, controle digital e mídia. Seria coincidência que agora querem me impedir de assumir a comissão que irá avaliar esses acordos tecnicamente e que pode barrá-los caso identifique eventuais obstáculos ao interesse nacional brasileiro? O que está em jogo pode não ser apenas o meu passaporte, pode ser a própria soberania do Brasil", escreveu o deputado.
Longe de qualquer preocupação com a soberania nacional, Eduardo Bolsonaro expõe, cada vez mais abertamente, seu compromisso com os interesses de Washington — mesmo que isso signifique prejudicar o Brasil.