O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, intensificou sua agenda estratégica no início de 2025, em uma clara tentativa de consolidar seu protagonismo na articulação política do governo Lula. O movimento, que inclui visitas a ministérios, cobrança por entregas e aproximação com lideranças do Congresso, como Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), reflete uma estratégia de sobrevivência e expansão de influência. Além dessas ações, Padilha tem promovido encontros regulares com bancadas temáticas, lideranças regionais e prefeitos, ampliando seu campo de diálogo e influência sobre diferentes setores do Legislativo e do Executivo.
Padilha antecipou a finalização da agenda prioritária do governo, que será apresentada aos presidentes da Câmara e do Senado na próxima semana. O objetivo é mostrar resultados concretos e reforçar sua relevância como articulador político. A iniciativa também busca neutralizar especulações sobre uma possível troca de Padilha para o Ministério da Saúde, uma mudança vista como estratégica por grupos interessados em ocupar seu espaço no Palácio do Planalto. Internamente, essa movimentação tem gerado debates sobre o impacto de sua eventual saída da SRI, considerada uma pasta-chave para a articulação entre o Executivo e o Legislativo. A permanência de Padilha é vista como crucial para manter o equilíbrio das forças políticas dentro do governo.
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Fontes da articulação política do governo afirmam que o suposto descontentamento do PT com o Ministério da Saúde não passa de um boato para criar um ambiente de pressão interna. "Se Nísia sair e Padilha for para a Saúde, o PT perde um ministério fundamental, que é a SRI", avalia um membro do governo. O desconforto em substituir Nísia Trindade, uma cientista respeitada, também pesa na decisão política, já que sua gestão tem sido marcada por avanços significativos em políticas de saúde pública, o que agrega valor à imagem do governo. Além disso, a troca poderia ser interpretada como uma fragilidade na gestão da saúde, algo que o governo quer evitar diante do cenário de desafios pós-pandemia.
Padilha tem se mostrado habilidoso na construção de alianças estratégicas. Sua aproximação com Hugo Motta e com Alcolumbre é parte de uma tática para fortalecer sua rede de apoio no Congresso. Ao entregar pessoalmente a agenda estratégica a esses líderes, Padilha reforça sua posição de articulador indispensável. Além disso, ele tem investido em uma comunicação direta com parlamentares de diferentes partidos, buscando construir consensos em torno das pautas prioritárias do governo. Esse movimento inclui diálogos com bancadas da oposição, sinalizando uma tentativa de reduzir tensões e garantir maior previsibilidade para a agenda do Executivo.
Outro eixo da estratégia é a expansão da influência no âmbito federativo. A Secretaria de Relações Institucionais organiza um evento com prefeitos de todo o país, reforçando o papel da SRI como elo entre o governo federal e as lideranças municipais. A iniciativa amplia o alcance político de Padilha para além do Congresso, consolidando uma base de apoio mais ampla. Esse movimento visa também criar uma rede de influência que possa ser mobilizada em momentos críticos, como votações de projetos importantes ou negociações de interesse do Executivo. Fontes próximas ao ministro afirmam que a estratégia busca não apenas garantir apoio institucional, mas também fortalecer a imagem do governo em diferentes regiões do Brasil.
A trajetória de Padilha, de assessor a ministro, é usada como argumento para sustentar sua permanência. Sua capacidade de resistir a crises e sua experiência acumulada são vistas como ativos valiosos para o governo. "Ele tem a palavra da resiliência", resume um interlocutor do Planalto. O histórico de Padilha em diferentes funções governamentais, incluindo sua atuação anterior no Ministério da Saúde e sua participação em negociações complexas, reforça a percepção de que ele é um operador político experiente e confiável. Padilha é visto como alguém que compreende profundamente a dinâmica do poder em Brasília, o que o torna uma figura central nas negociações entre o Planalto e o Congresso.
A ofensiva política de Padilha não é apenas uma estratégia de manutenção de cargo, mas uma demonstração de força e capacidade de articulação que o coloca no centro das decisões políticas do governo Lula. Sua atuação contínua para consolidar alianças, articular agendas e manter a estabilidade da base governista o posiciona como um dos principais pilares da governabilidade, em um cenário político dinâmico e frequentemente desafiador. Nos bastidores, interlocutores destacam que Padilha tem o respaldo direto do presidente Lula, o que lhe confere ainda mais autonomia para conduzir negociações sensíveis e definir prioridades na relação com o Congresso e demais esferas do poder público.