Membros da articulação política do Palácio do Planalto destacam a necessidade urgente de repactuar as relações com o Congresso Nacional, incluindo sua própria base aliada. A avaliação parte de um reconhecimento pragmático: a inflação, além de pressionar diretamente o orçamento das famílias, é historicamente um fator que desestabiliza governos, inclusive durante a ditadura militar no Brasil.
De acordo com uma fonte da articulação política, o governo está ciente de que uma agenda transformadora e inclusiva, que preza pela superação das desigualdades, perde força caso questões básicas, como o acesso a alimentos essenciais, continuem comprometidas. "Inflação derruba até ditadura no Brasil, não foi só luta armada, foi a caristia", apontou a fonte, lembrando os movimentos sociais liderados por mulheres durante períodos de crise econômica.
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Recalibrando expectativas
O principal desafio para o governo, segundo a mesma fonte, é calibrar as expectativas de impacto orçamentário para os próximos anos. Apesar de negociações anteriores com o Legislativo, o cenário atual exige novas articulações e ajustes. "O governo está fazendo o seu esforço, todo mundo tem que fazer também", afirmou a fonte, destacando que a gravidade da crise não permite espaço para "pautas-bomba" ou tentativas de desestabilização.
A postura da oposição também foi mencionada como um elemento que precisa ser moderado. A avaliação é que um eventual deslocamento do poder para setores mais ao centro não resolveria as dificuldades estruturais que hoje pressionam o governo, sobretudo no campo fiscal e econômico. "Não adianta achar que amanhã muda o governo e tudo melhora; é difícil para qualquer um", ponderou a fonte.
A força da política
Apesar das adversidades, a articulação no governo confia na capacidade de diálogo e construção política. A repactuação busca não apenas conter os impactos imediatos da crise fiscal, mas também preservar a credibilidade de uma gestão que carrega expectativas de mudanças estruturais. Entre os aliados, a percepção é que a política será o caminho para equilibrar os interesses divergentes dentro do Congresso e avançar em pautas prioritárias.
A inflação, no entanto, segue como uma sombra persistente. Para o governo, garantir estabilidade econômica e impedir o aumento do custo de vida são condições indispensáveis para viabilizar qualquer avanço em sua agenda política e social.