Anfitrião do encontro que reuniu figuras como os bolsonaristas Ricardo Salles (Novo) e Ives Gandra Filho com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o advogado Demóstenes Torres é um velho conhecido nos porões de Brasília e foi o segundo senador cassado na História da República.
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Advogado do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier - que ofereceu tropas à tentativa de golpe de Jair Boslsonaro (PL) -, Torres foi senador por três mandatos. No entanto, viu sua carreira política ser interrompida em 2012 após revelações de ligações espúrias com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
As gravações telefônicas foram obtidas pela Polícia Federal durante as Operações Vegas e Monte Carlo, realizadas entre 2008 e 2012 para investigar negócios de Carlinhos Cachoeira.
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Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), o ex-senador atuaria como interlocutor de Cachoeira junto aos poderes e chegou a oferecer propina a prefeitos para favorecer contratos e negócios do bicheiro.
Em troca, de acordo com a investigação, Torres teria recebido como "presente" do bicheiro viagens em aeronaves particulares, bebidas de alto custo, eletrodomésticos de luxo e cerca R$ 1,52 milhão em dinheiro - parte em espécie.
Em 11 de julho de 2012, o Senado cassou o mandato de Torres por 56 votos a favor e 19 contrários. Ele ainda ficou inelegível e só poderia concorrer a um cargo político em 2028.
"Mais de três anos de grampo. O que existe contra mim? Nada, nada, nada", disse, chorando, o então senador, afirmando que não renunciou para dar explicações à família. "Quem cassa senador é senador e não a imprensa. Não acabem com a minha vida", dramatizou.
Após deixar o Senado, Torres reassumiu cargo de procurador no Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). No entanto, nem chegou a atuar e pediu 60 dias de férias.
Em 2017, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o processo administrativo disciplinar proposto pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderia expulsar Torres da corporação.
A corte alegou que as interceptações telefônicas feitas na época miravam Carlinhos Cachoeira e atingiram o então senador, que tinha foro privilegiado. Sem o aval do STF, os grampos foram anulados e a inelegibilidade derrubada.
Na advocacia, Torres defendeu Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), antes de comandar a defesa do ex-comandante da Marinha.
Com a retomada dos direitos políticos, Torres pretende concorrer nas eleições de 2026 para tentar voltar ao Senado Federal.