O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu início ao seu mandato com uma série de mudanças que buscam romper com a herança política de Arthur Lira (PP-AL). Apostando em um "choque de gestão", Motta implementa um novo modelo de condução legislativa, com foco na ampliação da participação de diferentes segmentos e na reorganização da dinâmica interna da Casa.
Entre as primeiras medidas, destaca-se a expansão do Colégio de Líderes, que passa a incluir não apenas os tradicionais líderes partidários, mas também membros da Mesa Diretora, representantes do chamado baixo clero e indicados das cinco regiões do Brasil. A iniciativa visa diversificar o debate e reduzir a concentração de poder, fortalecendo a representatividade no processo de definição da pauta.
Te podría interesar
"Nosso compromisso é com uma pauta semanal mais democrática, garantindo espaço para vozes que, historicamente, ficaram à margem das grandes decisões. O objetivo é promover debates mais ricos e decisões mais inclusivas", declarou um parlamentar próximo ao novo presidente.
Nova dinâmica de votações e presença: o que muda na rotina da Câmara
As alterações promovidas por Hugo Motta afetam diretamente o funcionamento das sessões e a rotina dos deputados. O novo cronograma e as regras mais rígidas visam aumentar a eficiência, o comprometimento e a transparência nas deliberações. Confira as principais mudanças:
Te podría interesar
- Ordem do dia: terá início fixo às 16h, garantindo previsibilidade para os trabalhos legislativos;
- Terças-feiras: mantido o formato tradicional, com registro de presença físico e votações realizadas via Infoleg;
- Quartas-feiras: votações obrigatoriamente presenciais, das 16h às 20h. O uso do Infoleg será proibido, exigindo o comparecimento físico dos deputados no plenário;
- Quintas-feiras: todas as atividades, incluindo o registro de presença e as votações, ocorrerão de forma remota, por meio do aplicativo Infoleg;
- Discussão de pautas: as matérias serão debatidas com uma semana de antecedência, sempre nas quintas-feiras pela manhã, em reuniões do Colégio de Líderes.
Essa nova configuração, a tendência é que os deputados fiquem ainda menos tempo na casa, porém também busca aumentar a participação ativa dos parlamentares.
Ruptura com o legado de Arthur Lira
O conjunto de mudanças representa um movimento calculado de Hugo Motta para se desvincular da gestão de Arthur Lira, marcada por forte centralização de decisões e controle rígido da pauta da Câmara. Enquanto Lira concentrava o poder em torno da presidência da Casa, Motta propõe uma condução mais colegiada, buscando construir sua própria identidade política.
A velocidade com que as mudanças foram implementadas surpreendeu aliados de Lira, que esperavam uma transição mais gradual. No entanto, segundo aliados de Hugo Motta, o movimento trata-se de um "pulso firme planejado", uma estratégia para reafirmar sua liderança e sinalizar que a nova gestão não será uma mera continuidade da anterior.
Com essas medidas, Hugo Motta busca consolidar sua posição, capaz de redefinir as dinâmicas internas da Câmara e de responder às demandas dos deputados por uma gestão mais participativa.