Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (28), o deputado estadual e policial civil Leonel Radde (PT-RS) abordou a pauta de segurança pública nos campos de direita e esquerda, e defendeu que o campo progressista deve adotar uma postura "menos acadêmica" em relação ao assunto para impedir que o fascismo avance sobre essa questão.
Apesar de a segurança pública ser uma responsabilidade dos governos dos estados, as cobranças por melhorias nessa área quase sempre recaem sobre o governo federal. Nas pesquisas em relação à presidência, a pauta aparece como uma das principais reivindicações.
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Para o deputado, a esquerda precisa assumir a pauta da segurança pública com uma leitura "mais ostensiva" e "menos acadêmica". Para além de debater a questão dos direitos humanos, que envolve violência policial, abuso de autoridade e outras violações por parte das polícias do país, Leonel afirma que a esquerda precisa incidir com projetos para a segurança em si.
"Nós sempre alertamos que a esquerda precisava assumir essa pauta com uma leitura mais ostensiva e menos acadêmica", diz. Para ele, é preciso haver uma distinção no que se refere ao tratamento da polícia em relação à pauta dos direitos humanos, que deve ser tratado em grupos dedicados a isso, como o Ministério dos Direitos Humanos.
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"Mas eu vejo que a esquerda leva isso para dentro da pauta, por exemplo, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As pessoas vão dizer que a polícia tem que se adaptar a isso e eu concordo, a gente tem que ter políticas de controle das Forças de Segurança", diz o deputado. Por outro lado, ele defende que é preciso dizer para a população que, ao mesmo tempo que há um tratamento dos direitos humanos dentro da segurança pública, a esquerda também tem um "projeto robusto de combate à criminalidade e de presença física em determinadas regiões".
Leonel afirma que essa postura passa uma mensagem de que a única preocupação da esquerda é com o controle social sobre as polícias, sem apresentar uma "política robusta na pauta da segurança", reitera. "Parece que a gente controla a polícia e com a criminalidade a gente fica 'bom, as coisas vão se acertar'. Então, para mim falta essa linha", avalia.
O deputado destaca que os índices de criminalidade no governo Lula reduziram em comparação ao governo Bolsonaro, em relação às taxas de homicídio e latrocínio, por exemplo. Porém, essas mudanças não se traduzem na percepção da população.
"Se a gente pegar os dados [de criminalidade] do governo Bolsonaro e os dados do governo Lula, o governo Lula, como em todos os outros dados, apresenta dados melhores, só que em termos de sensação, em termos discursivos e em termos de postura por parte do governo, isso não chega na ponta da população que coloca segurança e saúde como dois pontos primordiais", afirma o parlamentar.
"As pessoas querem ter uma resposta e uma solução para o medo, e o fascismo, no meu entendimento, entra muito por aí na base do medo, na base de que nós defendemos a criminalidade, na base de que nós não temos uma proposta de segurança pública, na base que a gente sempre quer punir somente o policial", analisa o deputado. Leonel finaliza reforçando que especialistas já estão apontando que as eleições de 2026 serão pautadas pela segurança pública.
Avaliação de Eduardo Leite e Lula no RS
O deputado também falou sobre a avaliação positiva do governador Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul, segundo a nova pesquisa Quaest desta quinta-feira (28), que apresentou índice maior do que o de Lula, apesar de o governo federal ter sido o maior responsável pela reconstrução do estado após as enchentes do ano passado.
Para Leonel, o que explica essas taxas é o fato de que a população tem a impressão de que os governos municipal e estadual estão promovendo melhorias, uma vez que os recursos federais vão direto para essas instâncias.
"Os recursos federais são operados pelo governo do estado, são operados pela prefeitura, o que dá a impressão de que quem está administrando são os poderes locais aqui", afirma.
Leonel ainda acrescenta que o governador faz "proselitismo" com as medidas tomadas pelo governo federal. "Por exemplo, o governo federal perdoou a dívida por 3 anos que o Rio Grande do Sul tem com a União. O que aconteceu? Sobrou mais recursos para o governo do estado. Bom, Eduardo Leite vai lá e faz proselitismo, dizendo que ele é um bom gestor, que ele está investindo aqui e ali e as pessoas não vinculam que isso tem a ver com uma posição do governo federal, do governo Lula", explica o deputado.
"Existe aquela sensação de que o governo prometeu muito e entregou pouco, embora a economia do estado do Rio Grande do Sul só não tenha quebrado no ano passado graças ao auxílio de reconstrução e aos investimentos do governo Lula", completa Leonel.
Confira a entrevista completa do deputado Leonel Radde ao Fórum Onze e Meia
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