Braço direito de Eduardo Bolsonaro (PL) na cooptação de políticos e autoridades ligados a Donald Trump na conspiração para livrar Jair Bolsonaro (PL) da cadeia, Paulo Figueiredo expôs na rede X uma troca de mensagens em que orienta Elon Musk sobre como usar o sistema financeiro para atacar Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
ENTENDA: Eduardo articula sanções ao Brasil com deputado dos EUA e Bolsonaro comemora
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A conversa se deu por meio do perfil @realpfigueiredo, que foi bloqueado pela Justiça no Brasil, mas segue ativo nos EUA. A audácia do neto do ditador João Figueiredo, que mora nos EUA, fez com que ele divulgasse a troca de mensagens no perfil liberado no Brasil.
A conversa se deu na noite desta segunda-feira (24), quando Bolsonaro comemorava o anúncio do deputado Richard McCormick, do partido Republicano da Georgia, que afirma que usará a Lei Magnitsky para pedir a Donald Trump que imponha sanções ao Brasil por violação aos Direitos Humanos.
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Musk pergunta em comentário no X se "Moraes possui propriedades nos EUA". Paulo Figueiredo entra na conversa e sinaliza como o bilionário, que é Secretário de Eficiência Governamental do governo Trump, como usar um órgão ligado ao sistema financeiro dos EUA para punir Moraes.
"Ele não precisa [ter propriedade nos EUA]. Assim que for adicionado à lista SNDC da OFAC, todas as instituições financeiras imediatamente fecham suas contas bancárias, incluindo as do Brasil, para que não sejam sujeitas a sanções secundárias. O presidente Trump pode fazer isso a qualquer momento, a seu critério, por meio da Lei Magnitsky", explica Figueiredo, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como membro da organização criminosa (orcrim) golpista.
Musk, então, responde: "Interessante".
Em comentário a uma seguidora, que disse que "sanções não derrubam ditadores", Figueiredo voltou à tona e sinalizou uma possível adesão das Forças Armadas brasileiras à conspiração dos bolsonaristas com os EUA.
"Derruba se o poder não estiver militarmente consolidado. Ou seja, funciona POR ENQUANTO", afirmou.
Ataque a Moraes
A orientação de Figueiredo a Musk parte da Lei Magnitsky, que foi criada em 2012, após os EUA acusarem a Rússia de torturar e matar o ucraniano Sergei Magnitsky.
Em 2008, o contador fiscal que acusou autoridades russas e autoridades policiais de roubarem US$ 230 milhões em deduções fiscais da Hermitage Capital, uma empresa de fundos de investimento e gestão de ativos especializada em mercados russos fundada pelo financista estadunidense Bill Browder e pelo banqueiro libanês Edmond Safra, dono do banco brasileiro Safra e que morreu em 1999.
No entanto, desde 2016, a lei é usada como álibi pelos EUA para punir aqueles que considera violadores dos direitos humanos, congelar seus ativos e proibi-los de entrar no país.
Figueiredo explica a Musk que, com a aplicação da Lei por Musk, Moraes entraria na lista de Cidadãos Especialmente Designados (SDN, na sigla em inglês, de Specially Designated Nationals and Blocked Persons) do Office of Foreign Assets Control (Ofac).
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros é quem aplica programas de sanções econômicas dos EUA, obrigando bancos e instituições financeiras de todo o mundo a seguirem suas diretrizes.
Conspiração
Figueiredo atua com Eduardo Bolsonaro no lobby junto a políticos ultraconservadores dos EUA para articular uma conspiração no Brasil e evitar a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O filho "02" de Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira (24) que está articulando com o deputado trumpista Richard McCormick, do partido Republicano da Georgia, a imposição de sanções ao Brasil.
Em publicação na rede X na noite desta segunda, Eduardo revelou que, em conluio com o estadunidense, quer que Donald Trump imponha sanções ao Brasil utilizando a Lei Magnitsky, de 2012, usada pelos EUA contra aqueles que considera infratores dos direitos humanos.
"Agradeço a menção ao meu pai, Pres. Jair Bolsonaro, e o apoio do nobre Deputado americano Richard McCormick (Rep.-Georgia). A perseguição política enfrentada hoje no Brasil, através da 'LAWFARE' (guerra judicial), está envergonhando nosso Brasil diante do mundo. É lamentável ver que as sanções Magnitsky, normalmente reservadas para DITADURAS e violadores de direitos humanos, agora estão sendo consideradas contra autoridades do nosso país", diz Eduardo, como se não tivesse articulada a sanção ao Brasil com o deputado estadunidense.
O conluio foi tanto, que o comentário se deu sobre uma publicação de McCormick feita na rede X menos de uma hora antes.
"O Juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes está armando o judiciário para fraudar a eleição de 2026, silenciando a oposição e protegendo o Presidente Lula. A acusação de Jair Bolsonaro não é justiça — é perseguição política, assim como o que foi feito ao Presidente Trump", diz o deputado americano, propagando a narrativa bolsonarista e ressaltando que "Moraes também é uma ameaça aos EUA, censurando empresas americanas, suprimindo a liberdade de expressão e violando a soberania digital".
"Peço ao governo Trump e ao Congresso que imponham sanções Magnitsky, proibições de visto e penalidades econômicas. Os EUA devem defender a democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito — antes que seja tarde demais", emendou McCormick.
Um pouco antes de Eduardo, Jair Bolsonaro foi às redes e comemorou a publicação, agradecendo "a solidariedade e consideração" do deputado republicano.
"É triste o que nosso país vem passando ultimamente. Esperamos que não chegue a um ponto mais extremo, por conta de alguns que se consideram deuses e acima da lei, colocando em risco toda a estrutura do nosso amado país. Deus os abençoe", afirmou o ex-presidente denunciado por golpe de Estado.
Bolsonaro também agradeceu ao senador republicano Mike Lee, do Arizona, que anunciou que viajará "para o Brasil no final deste ano com alguns dos meus colegas do Senado e pretendo fazer algumas perguntas difíceis sobre o Juiz Alexandre de Moraes e a suposta instrumentalização política do sistema judiciário brasileiro".
"Muito obrigado, Senador Mike Lee. Infelizmente, o Brasil foi convertido em um laboratório de ativismo judicial, abusos de poder e aplicação seletiva da lei para fins políticos", escreveu Bolsonaro às 23h46.
"Sua visita ao Brasil será fundamental para expor essa realidade ao mundo. Como jurista é constitucionalista, sua participação como amicus curiae ou observador desse processo, também seria muito útil à causa da democracia e do Estado de Direito no Brasil", emendou.