DANÇA DAS CADEIRAS

Lula demite Nísia e confirma Padilha na Saúde, em meio à disputa por espaço no governo

Ministro da Secretaria de Relações Institucionais reassume a Saúde após a saída de Nísia Trindade, em movimento que fortalece a articulação política do governo

Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en POLÍTICA el

A crise envolvendo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, transcende críticas à sua gestão e expõe uma intensa disputa por espaço dentro do governo. A movimentação para sua substituição reflete interesses políticos internos, onde o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aparece como um dos principais articuladores para uma possível troca de comando na Saúde.

A informação sobre a demissão de Nísia foi divulgada primeiro pela Folha de S.Paulo e confirmada pela coluna. Lula oficializou a troca nesta terça-feira (25) após uma reunião no Palácio do Planalto. Padilha, que já comandou a Saúde no governo Dilma Rousseff, assume a pasta no contexto de uma reforma ministerial que busca fortalecer a base de apoio do governo no Congresso.

A coluna já havia mencionado anteriormente a movimentação que resultaria na ida de Padilha para a Saúde e a indicação de José Guimarães para assumir a Secretaria de Relações Institucionais. O deputado petista foi sondado pelo governo para o posto, reforçando a necessidade de uma articulação mais eficiente com o Congresso. Nos bastidores do Planalto, sua nomeação é vista como praticamente certa, consolidando a reconfiguração política que Lula planejava há meses.

Disputa interna e a pressão sobre Nísia

Fontes do Palácio do Planalto indicam que a ofensiva contra Nísia Trindade foi impulsionada por setores que buscavam reorganizar forças na Esplanada dos Ministérios. A articulação para sua saída estava conectada à tentativa de enfraquecer Padilha e, ao mesmo tempo, abrir caminho para que ele reassumisse o Ministério da Saúde, posição que já ocupou no governo Dilma Rousseff.

O fato de o próprio Padilha, conforme relatos obtidos pela coluna, não ter desestimulado essa movimentação chegou a incomodar integrantes da saúde. Porém, na leitura de membros do próprio SRI, consciente de que sua permanência na Secretaria de Relações Institucionais era questionada, Padilha enxergava na Saúde uma alternativa para se manter dentro do governo. O cálculo político era simples: se havia uma ameaça à sua posição atual, garantir um novo espaço manteria sua presença no núcleo decisório de Lula.

Nesse cenário, Nísia Trindade intensificou seus esforços para assegurar sua continuidade no cargo. Nos últimos dias antes da demissão, promoveu atos públicos com a presença do presidente e do vice-presidente Geraldo Alckmin, sinalizando sua capacidade de articulação e resposta às críticas. A estratégia buscava rebater acusações de baixa entrega e demonstrar que havia mais interesses políticos do que falhas administrativas na pressão por sua saída. No entanto, a ofensiva política prevaleceu, e Lula oficializou sua saída nesta terça-feira (25), confirmando Padilha como seu sucessor.

Lula cede à pressão e confirma Padilha na Saúde

Após reunião no Palácio do Planalto, Lula comunicou a interlocutores que efetivou a troca de comando na Saúde, tornando Padilha o novo ministro. A mudança ocorre em meio a uma reforma ministerial que se arrasta há meses e reflete a necessidade de garantir maior governabilidade no Congresso. A pasta da Saúde, uma das mais cobiçadas do governo por sua grande execução orçamentária, vinha sendo alvo de disputas entre o PT e o Centrão.

A disputa Ministério da Saúde ilustra mais um capítulo da complexa dinâmica de poder dentro do governo. A disputa entre Nísia Trindade e Alexandre Padilha não se restringia à eficiência da gestão da Saúde, mas refletia um movimento mais amplo de reacomodação de forças na Esplanada. Com a confirmação de Padilha no cargo, Lula busca equilibrar as tensões políticas e reforçar sua base de apoio para os desafios legislativos e eleitorais que se aproximam.

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