A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, pode integrar o primeiro escalão do governo Lula nos próximos meses. O nome da parlamentar paranaense tem sido ventilado para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela interlocução com os movimentos sociais e considerada estratégica dentro da estrutura do Palácio do Planalto.
Nos bastidores, o próprio Lula já sondou Gleisi sobre a possibilidade. Em encontros recentes, o presidente indicou que seu nome tem sido defendido dentro do governo, e perguntou se ela consideraria a nomeação. Embora, segundo o jornal Folha de S. Paulo, tenha respondido que "o presidente da República não convida, manda", a deputada também ressaltou sua atuação crítica às diretrizes econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialmente no que se refere à política de juros mantida pelo Banco Central.
A chegada de Gleisi ao governo implicaria mudanças no próprio PT, que passará por eleições internas em julho. Caso assuma a pasta, um dos vice-presidentes da sigla deverá conduzir o partido interinamente até o pleito. Os nomes de José Guimarães (CE), atual líder do governo na Câmara, e Humberto Costa (PE), senador e provável futuro segundo vice-presidente do Senado, despontam como favoritos para ocupar a vaga temporária. Contudo, Lula já manifestou preferência pelo ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, como nome definitivo para liderar o partido.
Além da possível nomeação de Gleisi, a reforma ministerial pode implicar mudanças em outras áreas-chave do governo. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pode ser substituído, o que abriria espaço para a entrada do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL). A mudança faz parte de uma movimentação para fortalecer a articulação política do Planalto e garantir estabilidade para a gestão de Lula nos próximos anos.
Outro fator que pesa na balança é o destino do atual ocupante da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo. Considerado leal a Lula, Macêdo ainda não tem uma definição sobre seu futuro dentro do governo, mas há quem defenda sua permanência em alguma função relevante.
Caso se concretize, a nomeação de Gleisi reforçaria o núcleo político mais próximo de Lula dentro do Palácio do Planalto. A petista, que já ocupou a Casa Civil no governo Dilma Rousseff e comanda o PT desde 2017, se consolidou como uma das principais vozes contra a política econômica neoliberal e contra as concessões feitas ao mercado financeiro. Sua presença no governo significaria um reforço para a ala que defende maior protagonismo dos movimentos sociais e maior resistência a pautas defendidas pela "Faria Lima".
Até o momento, Gleisi Hoffmann não se pronunciou publicamente sobre as especulações que envolvem sua suposta ida para o Palácio do Planalto.