O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) virou piada nas redes mais uma vez nesta quarta-feira (19), ao tentar defender, de maneira estapafúrdia, seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com a internet em polvorosa por conta da denúncia enviada pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, para o Supremo Tribunal Federal (STF), que envolve seu pai e outros 33 em tentativa de golpe de Estado, o deputado parece ter arriscado tudo.
Te podría interesar
Ele colocou uma foto do ex-presidente com o chapéu do Mickey durante viagem a Orlando, nos EUA, no exato dia 8 de janeiro de 2023. Na legenda ele escreveu:
“Se @jairbolsonaro realmente tentou dar um golpe de Estado em JAN/8/2023, quando ele estava em Orlando/Disneylândia, então os EUA foram cúmplices desse ditador sanguinário!”
Te podría interesar
Ajuda americana
De tão frágil, a argumentação do filho de Bolsonaro imediatamente virou piada nas redes. Além disso, o próprio deputado é quem, contraditoriamente, tenta envolver desesperadamente autoridades americanas na defesa do pai.
Eduardo Bolsonaro afirmou em uma live divulgada no último sábado (15), que tem ido constantemente aos EUA para articular um conluio com o governo Trump em torno da defesa de seu pai.
Atuando como uma espécie de "chanceler" do clã, Eduardo afirmou que esteve com a senadora Ashley Mood, sucessora de Marco Rubio, atual Secretário de Estado dos Estados Unidos.
"E uma parte da assessoria dela, ela herdou do Marco Rubio. Ou seja, quando você leva a perspectiva de Brasil para esse tipo de pessoa, essa autoridade vai invariavelmente falar com o chanceler Marco Rubio, que é uma agenda super difícil. É o cara que está vendo Gaza, a guerra na Ucrânia, estava no Panamá para fazer aquele círculo de proteção dos Estados Unidos, Costa Riva, Guatemala. As questões envolvendo Groenlândia, o canal do Panamá", listou o deputado.
Mesmo com todos os afazeres, Eduardo acredita que Rubio e o governo Trump vão atacar a soberania do Brasil para intervir em favor de Bolsonaro.
"A gente está pedindo para ter um olhar especial para o Brasil. Mas, eu fiquei muito satisfeito porque quando a gente fala em USAID, eles já estão focados. E não se surpreenda se num breve futuro tiver uma delegação de parlamentares americanos para vir ao Brasil olhar essas questões de presos políticos, censura e violação de direitos humanos", disse o filho de Bolsonaro.
Em meio ao desmonte do Estado, Elon Musk insinuou em publicação na rede X que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a USAID citada por Eduardo, teria financiado a derrota eleitoral de Bolsonaro no Brasil.
“Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula, isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa?”, disse o bilionário, sem provas e classificando a agência como "deep state" (uma espécie de porão do Estado) ao senador republicano Mike Lee (Utah).
Após a fake News divulgada pelo filho, Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às vésperas da denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre a organização criminosa golpista.
Mais uma vez sem provas, Bolsonaro entrou na onda e disse que "eles fizeram uma campanha, aí sim, pode ter dinheiro de fora", se referindo ao TSE, que era presidido por Alexandre de Moraes durante as eleições de 2022.
"Se o TSE, que devia fiscalizar, usou o recurso de fora para fazer esse tipo de campanha, eu não sei o que vai acontecer aqui", emendou.
Bolsonaro ainda alegou que o incentivo aos jovens para tirarem título eleitoral "arranjou dois milhões de votos para o Lula", pois, segundo ele, os jovens votam mais na esquerda.
Implosão da defesa
Os ataques de Eduardo e de Bolsonaro à Justiça podem implodir a estratégia do advogado Celso Vilardi, que passou a comandar a defesa do ex-presidente em janeiro.
Vilardi apostava na pacificação da relação com o judiciário para que fosse feito um "julgamento técnico".
“É evidente que o julgamento de um presidente da República, num país polarizado como o nosso, tem repercussão política. Agora, uma questão é a repercussão política. O julgamento não pode ser político: tem que ser técnico, porque nós temos o Código de Processo Penal, temos a Constituição”, declarou à CNN em janeiro, quando assumiu o caso.
O advogado ainda ressaltou que é "hora de serenidade" e que "não existe nenhum tipo de problema para um julgamento técnico”, buscando colocar panos quentes na relação com o Supremo.
Antes de assumir a defesa de Bolsonaro, Vilardi havia dito, em entrevista à mesma CNN, que "não há como negar, nessa altura do campeonato, que existem indícios absolutamente claros a respeito de uma tentativa de golpe de Estado".
“O trabalho da PF é um trabalho bem feito. Tem um general confirmando, de certa forma, a existência do golpe. Temos mensagens, tem execução, tem monitoramento de um ministro do STF. Tem um plano que estava no Palácio do Planalto”, afirmou antes de assumir a defesa de Bolsonaro para "pacificar" a relação com o Judiciário.
No entanto, Eduardo Bolsonaro tem propagado que não haverá julgamento técnico e buscado se aproximar do governo Trump para exercer pressão sobre as autoridades brasileiras.