Mesmo após a Justiça determinar a suspensão imediata das atividades relacionadas a Pablo Marçal (PRTB) no Discord e proibir a remuneração de pessoas que divulgam conteúdo do candidato à Prefeitura de São Paulo, a comunidade ligada ao influenciador continua a produzir vídeos sobre ele na plataforma.
O grupo está envolvido em uma "competição" que começou na segunda-feira (2), com o objetivo de recompensar participantes pela criação de vídeos curtos, chamados "cortes", focados no influenciador fitness Renato Cariani, que responde a um processo por envolvimento em tráfico de drogas.
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Segundo o jornal Folha de S. Paulo, mesmo com a ordem judicial em vigor, que proíbe atividades ligadas a Pablo Marçal após o início da campanha eleitoral em 16 de agosto, a seção destinada à publicação desses vídeos ainda exibe materiais que promovem o candidato, inclusive com hashtags associadas à corrida eleitoral.
Além de vídeos envolvendo outras figuras, há conteúdos que mencionam indiretamente o candidato à Prefeitura de São Paulo. A Justiça Eleitoral estabelece que é proibido veicular propaganda eleitoral paga por meio de perfis ou canais pessoais, seja por pessoas físicas ou empresas, exceto nas condições permitidas pela própria plataforma. O único tipo de impulsionamento permitido deve ser realizado por partidos ou candidatos por meio das ferramentas oficiais de anúncios.
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No dia 16 de agosto, um usuário com o nome "Ativacional Próspero" compartilhou um link com a hashtag #prefeitomarçal. O link direciona para um vídeo no YouTube, onde Pablo Marçal declara que Deus irá "prover" ao longo de sua campanha, relacionando sua candidatura à vontade divina, de forma parecida com Jair Bolsonaro (PL).
Na seção "cortes-publicados", muitos dos conteúdos estão relacionados à campanha eleitoral, com vídeos que incluem críticas a adversários de Pablo Marçal, como Guilherme Boulos (PSOL), também concorrente à Prefeitura de São Paulo, ou que manifestam apoio ao candidato do PRTB. Algumas postagens trazem trechos de entrevistas recentes de Marçal, como sua participação no Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, e no podcast Flow.
A presença de hashtags mencionando diretamente Pablo Marçal em alguns vídeos pode ser uma tentativa de burlar as regras da campanha, promovendo o candidato à prefeitura de forma indireta. Um exemplo é um link que leva a um vídeo no YouTube, que embora trate de Marcos Paulo, inclui hashtags sobre Marçal.
Outro caso está relacionado ao campeonato em andamento sobre Renato Cariani, onde algumas mensagens exibem tanto a imagem do influenciador fitness quanto a de Marçal. A comunidade "Cortes do Marçal" no Discord, com mais de 150 mil membros, teria intensificado ações de apoio à candidatura de Marçal desde o início de 2024.
Marçal mente sobre como monetizou cortes
No último dia 24 de agosto, a Justiça Eleitoral de São Paulo determinou a suspensão das redes sociais de Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura, após investigações apontarem o pagamento por edições de vídeos para impulsionar sua campanha.
Em entrevista ao Roda Viva nesta segunda-feira (2), o ex-coach mentiu ao dizer no Roda Viva, da TV Cultura, que não pagou por cortes de vídeos em suas redes sociais. “Só que dentro do período eleitoral, tanto de pré-campanha e campanha, não houve pagamento [de cortes de vídeos", declarou. É o que aponta uma das checagens da Agência Lupa sobre as declarações do candidato.
Naquele dia, o juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral, suspendeu em uma decisão liminar as redes sociais de Pablo Marçal após aceitar um pedido de investigação do PSB, partido da candidata Tabata Amaral. A decisão revelou que, durante a campanha de Marçal, houve pagamentos e incentivos para pessoas que compartilhavam conteúdo nas redes sociais. A medida foi adotada em resposta ao suposto uso indevido de incentivos financeiros para a disseminação de trechos dos vídeos do candidato.
"Conste que há documento demonstrando que um dos pagamentos proveio de uma das empresas pertencentes ao requerido Pablo, o que pode configurar uma série de infrações”, afirma o trecho da liminar. Leia a reportagem completa.