O morde e assopra entre Jair Bolsonaro (PL), que oficialmente apoia Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, com Pablo Marçal (PRTB) remonta a uma antiga desconfiança que o ex-presidente - e principalmente o filho, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) - nutrem em relação ao ex-coach desde as eleições presidenciais de 2022.
Candidato à reeleição - derrotado por Lula em outubro daquele ano -, Bolsonaro recebeu uma proposta de Marçal para turbinar as redes sociais durante a campanha. Desde 2018, o posto era ocupado por Carlos Bolsonaro, que levou ao governo o chamado "Gabinete do Ódio".
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No entanto, o ex-coach teria se oferecido para cuidar do tráfego pago das redes de Bolsonaro. Em troca, o ex-coach queria ter acesso aos eleitores que se cadastraram em um banco de dados durante a campanha. As informações são de Fábio Zanini, na Folha de S.Paulo.
Carlos, no entanto, teria barrado a empreitada do ex-coach, desconfiado de que Marçal pretendia roubar os dados dos bolsonaristas não só para utilizar em seus negócios, mas também para ampliar sua base política.
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Marçal então teria firmado o contrato apenas com o PL - de quem teria surrupiado a base de dados.
"Retardado mental"
A desconfiança remanescente das eleições passadas nutriu a briga entre Carlos e Marçal, que no início da campanha deste ano chegou a chamar o filho "02" de Bolsonaro de "retardado mental".
A briga aconteceu em agosto, em meio ao início do desembarque de bolsonaristas da campanha de Nunes para apoiar Marçal.
Nas redes, administradas por Carlos, Jair Bolsonaro lançou uma provocação em um comentário feito por Marçal, que escreveu "pra cima capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós".
“Nós? Um abraço", respondeu Bolsonaro na rede administrada pelo filho.
Em seguida, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), também respondeu: “Pablo Marçal, estranho. Em 2022 vc disse que a diferença entre Lula e Bolsonaro é que um deles tinha 1 dedo a menos. Só acordou agora? Tá parecendo até o Mourão...".
Marçal, então, revelou que fez uma doação de R$ 100 mil à campanha de Bolsonaro e que, se o presidente considerava que eles não estão juntos, que devolvesse o dinheiro.
Após participar de um evento na capital paulista, Marçal afagou Jair e disparou contra Carlos Bolsonaro que, segundo ele, é quem teria dado a resposta na publicação do perfil do ex-presidente.
"O Carlos que tem problema comigo. Eu tenho preservar o Carlos mas ele é um 'retardado mental', é um cara que não tem um escrúpulo. Mas pelo ex-presidente eu vou relevar aquele comentário dele (...) Ele sempre está aí para atrapalhar", disse Marçal.
Após a troca de farpas nas redes, Carlos e Marçal conversaram e fizeram um pacto de não agressão - sabe-se lá em quais termos.
"Conversei há pouco com Pablo Marçal; foi muito educado e bacana comigo. Expusemos nossos pontos e fico feliz em ter a consciência de que queremos rumar nas mesmas direções quando falamos de Brasil", disse o filho de Bolsonaro em texto nas redes.
Em seguida, Carlos Bolsonaro revelou mais sobre a conversa que teve com Marçal. "Falamos sobre o 7 de setembro, censura e tudo o que o país vem atravessando há muito tempo. Outro ponto focal em que fiz questão de frisar é que não existe a formação de um gabinete direcionado para nenhum tipo de ação e que ambos sofremos cobranças naturais no processo em que estamos dispostos a atravessar, além do sentimento que as pessoas têm quando esse assunto é abordado."
Por fim, Carlos Bolsonaro afirmou que Marçal é a melhor escolha para São Paulo. "Tenho certeza de que, com o coração mais leve, São Paulo, Rio de Janeiro e o Brasil têm a oportunidade de cumprir as demandas que o povo realmente anseia. Deixo aqui meu fraterno abraço a Pablo e que saíamos todos mais fortes para um Brasil que os brasileiros desejam".
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