ELEIÇÕES EM SP

Bolsonaristas Nunes e Marçal protagonizam insultos e acusações em debate

Atual prefeito de SP devolve com gritos declarações feitas pelo ex-coach que disse que Nunes agride a própria esposa. Dupla que busca o eleitorado simpático ao ex-presidente

Créditos: Alesp / Reprodução de vídeo Instagram
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Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, e Pablo Marçal (PRTB), ex-coach e aspirante à Prefeitura da capital, protagonizaram na manhã desta terça-feira (17) cenas lamentáveis de agressões verbais, gritos e acusações durante debate de televisão transmitido também pela internet para o mundo. O confronto acalorado e com quase nenhuma proposta efetiva para a cidade ocorreu durante enfrentamento entre candidatos promovido pela Rede TV! e pelo portal de notícias UOL.

Participaram do encontro desta terça candidatos com os melhores desempenhos nas últimas pesquisas de intenção de votos. Compareceram o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), o apresentador José Luiz Datena (PSDB), a deputada federal Tábata Amaral (PSB) e a economista Marina Helena (Novo), além de Nunes e Marçal.

O ex-coach decidiu, já de início, desestabilizar o prefeito. E a tática deu certo. Logo a discussão acalorada entre Nunes e Marçal escalou rapidamente a uma sucessão de gritos e insultos proferidos por ambos os candidatos.

"Pablo Henrique [Marçal] eu fico muito decepcionado com a sua participação nesse processo eleitoral", começou o prefeito ao pedir respeito mútuo ao iniciar a sua participação. "Você chegou só agredindo a todos", disse o candidato do MDB ao lembrar do comportamento agressivo do ex-coach ao longo da campanha.

O influenciador digital ignorou o apelo. "Falando em respeito quem já agrediu a esposa? Tenho o boletim de ocorrência. Se ela te perdoou, a cidade de São Paulo precisa te perdoar. Você poderia assumir e ser homem de verdade", disparou Marçal chamando Nunes de "tchutchuca" da organização criminosa PCC (Primeiro Partido da Capital).

Nunes subiu o tom ao receber o seu primeiro direito de resposta. "Ele [Marçal] saiu da cadeia, mas a cadeia não saiu de dentro dele", afirmou Nunes em seu direito de resposta. O emedebista citou a condenação a mais quatro anos de prisão imposta ao ex-coach por participar de quadrilha especializada em golpes digitais.

A disputa ríspida para atrair o voto do eleitorado de extrema direita e de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro rendeu uma série de direitos de resposta e uma advertência para Nunes e Marçal – em caso de reincidência a dupla poderia até ser expulsa, seguindo regras pré-estabelecidas pelos partidos.

Marçal demonstrou disposição em reabrir um segundo tempo do embate com Datena. A ideia era tentar repetir a troca de acusações e xingamentos ocorrida durante o debate anterior, promovido pela TV Cultura no domingo (15) e que descambou para a agressão física. O apresentador licenciado da TV Bandeirantes atingiu o ex-coach com uma cadeira durante o programa. O influenciador foi parar no hospital.

Datena, que também foi insultado durante a fala inicial de Marçal, ganhou direito de resposta. "O único jeito de falar com bandido condenado, ladrão de velhinho no virtual, é a Justiça. Não tem outro caminho. Essa é a realidade. Você vai responder na Justiça pelas injúrias que você dirigiu a mim", disse. "Não vou partir para a agressão com você porque eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só", completou o jornalista.

As candidatas Marina Helena e Tábata Amaral também trocaram farpas. O ápice do bate-boca foi quando a candidata do Novo acusou – sem apresentar provas ou mais detalhes – a deputada federal do PSB de fazer viagens em avião particular para visitar o namorado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Tabata rebateu classificando as afirmações da adversária de "delírio".

Via WhatsApp 

Durante o debate, os candidatos Datena e Nunes confirmaram o recebimento de mensagens de texto enviadas por Marçal. O conteúdo seria composto por elogios, pedidos de desculpas e até provocações.

Boulos lamentou o baixo nível de preparo dos adversários bolsonaristas. "É triste a gente vir aqui, mesmo depois do que aconteceu no último domingo, e ver Pablo Marçal e Ricardo Nunes batendo boca, se atacando, xingando, com gritaria porque não têm o que mostrar", lamentou o deputado federal.

O candidato psolista aproveitou o seu tempo de fala para fazer uma provocação. "Acho que fui o único [dos candidatos] que não recebeu zap do Pablo Marçal. Graças a Deus! Se receber, eu bloqueio na hora. Desse grupo de zap eu não quero fazer parte, não", acrescentou Guilherme Boulos.