FISCALIZAÇÃO

Plataforma de IA da CGU já evitou gasto de R$ 11 bi em licitações irregulares

Chamada de 'Alice', sistema detecta possíveis infrações e contribui para o avanço no combate à corrupção

Plataforma de IA da CGU já evitou gasto de R$ 11 bi em licitações irregulares.Créditos: Fill/Pixabay
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A plataforma de análise diária de compras e contratações públicas do governo federal, chamada de Alice (Analisador de Licitações, Contratos e Editais), já evitou o gasto de R$ 11,7 bilhões em licitaçõs com indícios de irregularidades entre 2019 e 2023. 

Baseada no uso de Inteligência Artificial (IA), Alice foi criada em 2015 pela Controladoria Geral da União (CGU) e ficou disponível para estados e municípios em maio deste ano. A plataforma funciona através da emissão de alertas preventivos ao detectar possíveis riscos e inconsistências em processos licitatórios de diversas bases de dados, como Portal de Compras do Governo Federal (Compras.gov.br), do Portal de Compras do Banco do Brasil (Licitações-e), do Portal de Compras da Caixa Econômica Federal (Licitações Caixa), além das inexigibilidades publicadas no Diário Oficial da União (DOU).

Para especialistas na área, a plataforma representa avanços na gestão pública e no combate à corrupção. Para Fabiano Carvalho, especialista em transformação digital e CEO da Ikhon Gestão de Conhecimentos e Tecnologia, Alice contribui para a promoção de boas práticas de governança

"Alice é um bom exemplo de aplicação de tecnologias para benefício da população e das empresas, já que o software utiliza recursos como inteligência artificial e machine learning para realizar o processamento e validação dos dados submetidos nos processos de licitação públicas", afirma.

Carvalho também ressalta o alinhamento da Alice com a agenda ESG, ao promover transparência na alocação de recursos e fortalecer a governança pública. 

"É importante que a ferramenta seja revisada e acompanhada de perto, para a identificação de ajustes e melhorias nos algoritmos, de forma que a plataforma consiga lidar de forma bem-sucedida com particularidades de algumas cidades e, assim, entregar um serviço que auxilie a eficiência financeira de órgãos públicos sem descuidar de aspectos como segurança e privacidade de dados", acrescenta Carvalho.

Saulo Malcher Ávila, advogado especialista em direito administrativo do escritório Mota Kalume Advogados, também destaca a precisão da Alice na identificação de irregularidades.

"O uso de ferramentas tecnológicas como Alice por entes de todas as esferas da Federação é um grande passo na busca de efetividade na fiscalização do uso de verbas públicas. É importante comemorar sempre a economia com gastos potencialmente irregulares que foram evitados, mas a tempestividade da fiscalização é um dos maiores ganhos para a sociedade", afirma o advogado.

No entanto, Ávila enfatiza a importância da capacitação contínua dos gestores públicos.

"Do outro lado, é essencial que haja gestores públicos preparados e em constante capacitação para que possam, a partir da análise crítica dos alertas gerados pela ferramenta, possam agir adequadamente e, frisa-se, no momento correto", finaliza.