O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, foi nesta quarta-feira (11) à Bienal do Livro, realizada no Pavilhão de Exposições do Distrito Anhembi, Zona Norte da capital paulista, e deturpou o evento.
O "coach" de extrema direita utilizou a Bienal para fazer campanha política e causou tumulto entre crianças e adolescentes que estavam no local. Parte do público entoou gritos de apoio ao candidato, mas uma outra parcela protestou contra a presença de Marçal no evento em meio ao tumulto gerado.
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Expositores, livreiros e bombeiros tiveram que fazer um cordão de isolamento entre Marçal, os membros de sua campanha e as estandes de livros. Carregado nos ombros por um homem, o postulante à prefeitura de São Paulo discursou e chegou a fazer o gesto de uso de cocaína, levando o dedo ao nariz, em frente a crianças e adolescentes.
Rodrigo Barros, um livreiro que se irritou com a presença de Marçal na Bienal, revelou que foi xingado de "cheirador" pelo candidato. "Aqui não é lugar de campanha eleitoral", disse ao jornal O Globo.
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Censura
Pablo Marçal, em conversa com jornalistas na Bienal, prometeu censurar livros na rede pública caso seja eleito prefeito de São Paulo. Ele afirmou que baniria obras que "deturpam a liberdade", afirmando ainda, sem citar nenhum livro em específico, que há obras "ensinando pornografia" nas escolas paulistanas.
"Tudo o que for deturpar a liberdade a gente também vai banir. Tem que ensinar as crianças a prosperar, não a ficar idiotizadas, a curvar para comunistas. Essa cultura comunista não é brasileira. A gente nunca vai admitir ela aqui no Brasil", disparou.
“A gente vai ter uma equipe de muita gente para definir os livros que serão colocados, os livros que serão tirados. Livros que não fazem sentido nenhum na formação cognitiva de ninguém”, declarou ainda.
1984
A visita de Pablo Marçal à Bienal gerou confusão e alvoroço entre os visitantes da feira do livro. Atraídos pelo aglomerado de gente, alguns não sabiam o que estava acontecendo.
“Ah, é o Marçal!?”, surpreendeu-se Carina, que acompanhou o movimento achando se tratar de outra celebridade. “Achei que fosse o Cafú [o ex-jogador de futebol pentacampeão do mundo pelo Brasil]”, explicou a mulher em meio ao tumulto.
Crianças da rede pública municipal que visitavam o evento também se empolgaram. “O Marçal chegou! O Marçal chegou!”, repetiam os jovens, em sua maioria não eleitores, menores de 16 anos.
O candidato do PRTB visitou um estande que expunha os seus livros e autografou alguns exemplares. A multidão formada por pequenos leitores avançou derrubando obras, prateleiras e totens que promoviam outros títulos da editora. Entre das dezenas e dezenas de exemplares pisoteados pelos curiosos e fãs de Marçal estavam cópias de '1984', do escritor inglês George Orwell (1903-1950), romance distópico crítico ao autoritarismo e à manipulação da verdade.