A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) se posicionou contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara que, nesta quarta-feira (11), aprovou uma ação movida pelo Partido Novo que pede a cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) por expulsar um militante do Movimento Brasil Livre, o MBL, da casa legislativa.
O colegiado aprovou por 10 votos a 2 o relatório de Paulo Magalhães (PSD-BA) pela continuidade da ação do Novo, que acusa Braga de "violação às normas de decoro que exigem respeito e decoro nas interações".
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"Em cinco oportunidades, no mínimo, o mesmo militante da juventude fascista (MBL) atacou Glauber Braga e seus familiares. Da última vez o deputado respondeu, expulsando da Câmara o moleque que ofendeu e humilhou sua mãe. Ela estava doente e dias depois veio a falecer", lembrou Gleisi.
Expulso da Câmara por Braga, o "influenciador" de extrema direita Gabriel Costenaro, membro do MBL, vem perseguindo o deputado há anos. Em dado momento, o militante de direita afirmou que a mãe de Glauber seria "corrupta". Dias depois, Maria da Saudade Medeiros Braga faleceu.
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"A única coisa desproporcional aqui é o Conselho de Ética dar prosseguimento ao processo que pode cassar o parlamentar, enquanto deixa passar violações sérias feitas por diversos bolsonaristas. Sou contra esse absurdo e lutarei para que não aconteça. Ao deputado Braga, minha solidariedade", emendou Gleisi no Bluesky.
À Fórum, Glauber Braga declarou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), "está jogando pesado" contra o seu mandato. No entanto, o parlamentar afirma que quem deveria ser cassado é Lira, e não ele.
"Arthur Lira está jogando pesado. Recebi o resultado com indignação, mas não com surpresa. Até ameaçado de afastamento cautelar por um deputado eu fui. Não vão me chantagear. O relator já me julgou e condenou antes de qualquer processo. As falas dele mostram isso. Estou entrando com uma ação de suspeição contra ele. Se alguém tem que ser cassado, é o sr. Arthur Lira. Não vou recuar", declarou Glauber Braga.
Entenda
Em março deste ano, Glauber Braga expulsou o radical Gabriel Costenaro, do MBL, da Câmara aos empurrões, quando ele tentava, mais uma vez, intimidá-lo.
Costenaro foi à casa legislativa a convite do deputado Kim Kataguiri (UB-SP) e, seguindo o modus operandi do MBL, provocou Glauber Braga, que reagiu.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver que Glauber cita um suposto processo ao qual Costenaro seria réu por violência doméstica. O integrante do MBL, por sua vez, afirma que é alvo de difamação.
Em dado momento, o militante de direita afirmou que a mãe de Glauber seria "corrupta". O deputado do PSOL, então, empurrou Costenaro até a saída da Câmara, desferindo alguns pontapés.
Após a confusão, todos foram conduzidos ao departamento de Polícia Legislativa (DEPOL), onde foi registrada ocorrência. No local, Glauber ainda discutiu com Kim Kataguiri, afirmando que o deputado do União Brasil é "defensor do nazismo". O momento foi registrado pelo jornalista Guga Noblat.
O que acontece agora?
- Glauber Braga tem um prazo de 10 dias para a apresentação, por escrito, de sua defesa.
- Após a apresentação da defesa por escrito, serão mais 40 dias úteis para instrução probatória, solicitação de documentos e oitivas de testemunhas do relator e do representado.
- Finalizada a fase probatória, conta-se mais 10 dias para o relator apresentar o seu parecer final, que vai à votação.
- Após a finalização no Conselho de Ética, o deputado Glauber Braga pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
- Encerradas todas as etapas, a cassação vai à votação no plenário da Casa.