REPARAÇÃO HISTÓRICA

MPF pede condenação de agentes envolvidos no assassinato de Marighella

Promotoria pede cancelamento de aposentadorias, ressarcimento de indenizações; no caso dos mortos, herdeiros devem responder

Carteirinha do PCdoB de Marighella.Créditos: Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

Quase 60 anos após o assassinato de Carlos Marighella, o Ministério Público federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça de São Paulo. O órgão pede a responsabilização dos 37 agentes envolvidos na execução do líder político, morto em uma emboscada na Alameda Casa Branca, nos Jardins, no dia 4 de novembro de 1969.

O MPF pede na ação que os envolvidos percam as suas aposentadorias, que restituam o que foi gasto pelo Estado com indenizações concedidas aos familiares da vítima e paguem compensações financeiras por danos morais coletivos que a repressão política causou à sociedade.

No caso dos agentes que já morreram, o MPF quer que seus herdeiros arquem com as reparações.

Parte dos envolvidos também foram alvo de denúncia do MPF em maio, com pedido de condenação penal por homicídio qualificado e falsidade ideológica.

Além dos 37 agentes, o estado de São Paulo e a União também são réus. O MPF pede que eles sejam obrigados a realizar um ato público de desagravo à memória de Marighella e a incluir informações sobre o caso em espaços de memória dedicados ao período.

O assassinato de Marighella foi cometido em um contexto de ataque sistemático e generalizado contra a população civil. Por conta disso, os executores não podem ser beneficiados por prescrição nem anistia, pois são considerados crimes contra a humanidade.

Veja os nomes dos acusados

O ex-delegado Sérgio Paranhos Fleury, considerado um dos maiores algozes da ditadura militar, comandou a operação.

São citados na ação do MPF os ex-agentes do Dops Adusindo Uribe, Alcides Paranhos Junior, Alfeu Forte, Amador Navarro Parra, Antônio Pereira Gomes, Carlos Alberto Augusto, Clarismundo da Silva Filho, Djalma Oliveira da Silva, Edsel Magnotti, Fabio Lessa de Souza Camargo, Francisco Guimarães do Nascimento, Gumercindo João de Oliveira, Henrique de Castro Perrone Filho, Ivahir Freitas Garcia, Izidoro Tescarollo, João Carlos Tralli, João Ribeiro Carvalho Netto, Joaquim Ferreira da Silva Filho, Luiz Antônio Mariano, Luiz Gonzaga Xavier, Luiz Hena, Luiz Zampolo, Mario Rocco Sobrinho, Natal Tuglia, Orlando Rosante, Oswaldo Machado de Oliveira, Paulo Guilherme de Oliveira Peres, Raul Nogueira de Lima, Roberto Guimarães, Rubens Cardoso de Mello Tucunduva, Rubens Pacheco de Souza, Tokioshy Nakahara, Valmor Trevisan, Walter Francisco e Wanderval Vieira de Souza.

O ex-integrante do Instituto Médico Legal (IML), Abeylard de Queiroz Orsini, também aparece na lista dos réus. O laudo necroscópico, do qual ele é um dos autores, omitiu as verdadeiras circunstâncias da morte de Marighella. No documento, forjado para parecer que Marighella havia resistido à prisão, não foram mencionados sinais de execução sumária. Os disparos foram efetuados de curta distância e as lesões indicavam que a vítima tentou se proteger.

Com informações do G1

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