Responsável pelas investigações contra Jair Bolsonaro (PL), o delegado Fábio Shor, da Polícia Federal, relatou que ele e a família receberam ameaças cerca de 10 dias após indiciar o ex-presidente no inquérito do furto e contrabando de joias da Presidência da República, no dia 4 de julho deste ano.
LEIA TAMBÉM:
Delegados acionam Justiça contra Eduardo Bolsonaro e Marcos do Val por ataques à PF
Te podría interesar
Em e-mail revelado pelo portal Uol nesta terça-feira (10), Shor relata no dia 15 de julho ao delegado Elias Milhomens de Araújo, também da PF, que encontrou "um boneco (macaco) pendurado no limpador traseiro do meu veículo".
"Diante dos últimos acontecimentos envolvendo ameaças a este subscritor e seus familiares, encaminhou o presente para ciência e avaliação", informa ainda Shor na mensagem.
Te podría interesar
Araújo é responsável pelo inquérito que investiga a exposição e ataques a agentes da PF por bolsonaristas.
Entre os investigados estão o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que incitaram ataques de extremistas ao expor Fábio Shor nas redes sociais.
O inquérito foi aberto a pedido da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) após uma série de ataques a integrantes da corporação.
A base das denúncias é uma declaração do filho do ex-presidente feita em março deste ano, quando afirmou que a corporação agia como "cachorrinhos de Moraes".
"Depende de qual Polícia Federal: a normal ou a do Moraes? Porque ele está julgando o cartão de vacina do presidente se nem é mais presidente? Porque esses inquéritos todos caem na mão dele? A PF vai investigar esse e-mail ou vai continuar sendo cachorrinho do Alexandre de Moraes?”, disse Eduardo em entrevista em março deste ano, quando Bolsonaro foi indiciado no inquérito da falsificação dos cartões de vacina.
Já Marcos do Val está sendo investigado pela sequência de ataques e exposição de Shor nas redes sociais.
Em uma das publicações, o senador afirmou que o delegado é "capataz" de Alexandre de Moraes. Já em outra postagem, ele publicou uma foto de Shor em um cartaz de "procurado", com a legenda:“Este delegado, até então desconhecido, tem se ocultado das redes sociais, mas o Brasil precisa conhecer quem é o executor das ordens ilegais de Alexandre de Moraes".
"A ADPF tem um longo histórico na defesa das prerrogativas funcionais dos delegados federais. Tornou-se mais que necessário dar uma resposta contra os ataques desenfreados e infundados contra a PF e os Delegados Federais", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Luciano Leiro.
Siga o perfil da Revista Fórum e do jornalista Plínio Teodoro no Bluesky