O ex-presidente da República Jair Bolsonaro publicou um vídeo nesta quarta-feira (28) no qual aparece abatido após perceber que seu lobby junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não teve sucesso, quase chegando às lágrimas. Entenda mais abaixo.
No vídeo, Jair Bolsonaro implora para que as pessoas compareçam ao ato do dia 7 de setembro, em São Paulo, para se manifestar pela "liberdade." No caso, a "liberdade" a que ele se refere diz respeito a si mesmo, já que ele sonha em ver os inquéritos sobre a falsificação da carteira de vacinas e das joias arquivados.
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"Realizaremos um grande ato em defesa da nossa democracia. Em defesa da nossa liberdade, porque de nada adianta falarmos ou comemorarmos independência se nós não temos liberdade", disse Bolsonaro.
Em seguida, Bolsonaro admite que o objetivo do ato é buscar anistia pela tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023. "E o que nós queremos? Nós queremos anistia [...] nós temos que lutar por isso. Essa é a intenção do nosso movimento."
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Posteriormente, o ex-presidente Bolsonaro pede que outras localidades do Brasil não realizem atos no mesmo dia e, para quem não puder comparecer, que fique em casa. "Todos que não puderem comparecer, fiquem em casa ou vão se divertir com a família e não compareçam a qualquer evento comemorativo da independência", disse Bolsonaro.
Confira a declaração emocionada do ex-presidente Jair Bolsonaro no vídeo abaixo:
Bolsonaro tenta chantagear STF para esvaziar ato pelo impeachment de Moraes
Enquanto articula um novo golpe nos bastidores para tentar reverter sua inelegibilidade, Jair Bolsonaro (PL) estaria colocando aliados de sua confiança para tentar chantagear o Supremo Tribunal Federal (STF) com o ato convocado por Silas Malafaia e a cúpula neofascista para pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, marcado para o próximo dia 7 de Setembro.
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Segundo a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, "aliados de Bolsonaro passaram a defender, junto a membros do STF, que convençam Moraes a fazer um gesto ao ex-presidente, como o arquivamento de uma das ações que miram Bolsonaro".
A reportagem diz que a chantagem está sendo feita por "interlocutores de Jair Bolsonaro que atuam como bombeiros entre o ex-presidente e o STF".
"A leitura é que, casos apontados pelos próprios ministros como menos graves envolvendo o capitão reformado, como a investigação sobre falsificação do certificado de vacinas ou das joias da Arábia Saudita, poderiam ter esse caminho", diz o texto, sinalizando que o pedido é para arquivar a investigação sobre furto e contrabando de presentes recebidos pelo governo brasileiro para serem vendidos nos EUA.
Interlocutores?
Ainda segundo a reportagem, na negociata, esses "interlocutores" teriam dado aval para que a investigação sobre a tentativa de golpe seguiria avançando, com potencial de colocar Bolsonaro atrás das grades.
"A avaliação deles é que esse inquérito, que tem chance de culminar em uma ordem de prisão de Bolsonaro depois do trânsito em julgado, é 'intocável e inegociável'”, diz a jornalista d'O Globo.
Essa não é a primeira vez que Moraes sofre pressão para abrandar os inquéritos relacionados ao ex-presidente.
No mesmo jornal O Globo, em 18 de maio deste ano, Malu Gaspar fala de um encontro para pressionar Moraes a recuar nas investigações.
A reunião para pressionar Moraes teria sido articulada pelo advogado Eduardo Kuntz, que mais recentemente adotou a defesa de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) e dono do celular de onde teriam vazado as conversas usadas pela Folha e Glenn Greenwald sobre a "atuação fora do rito" do ministro do STF.
Ligado a Michel Temer (MDB), Eduardo Kuntz tem trânsito no meio militar e faz a defesa, entre outros, de dois ex-assessores alvos de inquéritos envolvendo Jair Bolsonaro (PL): o coronel do Exército Marcelo Câmara, membro da organização criminosa descrita no inquérito dos atos golpistas; e o capitão de corveta Marcela da Silva Vieira, que foi preso nas investigações sobre o furto de joias da Presidência.
Chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica da Presidência – responsável, entre outros, pelas joias e presentes – durante o mandato de Bolsonaro, Marcelo Vieira foi nomeado para a função por Michel Temer (MDB) em 2017.
Kuntz também atuou na defesa de outros bolsonaristas acusados de atuar na Organização Criminosa de Bolsonaro, como Tércio Arnaud, que comandou o Gabinete do Ódio, e Fabio Wajngarten, que se afastou do corpo de advogados do ex-presidente ao ser indiciado na quadrilha de furto de joias.
Segundo Malu Gaspar, a decisão de Moraes de soltar Câmara – braço direito do tenente-coronel Mauro Cid – se deu após Tarcísio, Temer e o comandante do Exército, Tomás Paiva, procurarem o ministro dizendo que ele "precisava começar a 'calibrar' suas decisões para diminuir os ataques a ele mesmo e ao Supremo por parte da extrema direita".
"Toda a pressão funcionou, e Moraes executou um recuo tático – que, além de operar uma guinada radical na posição do relator do caso Seif, também levou à soltura do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, no último dia 3 [de abril de 2024]", diz a jornalista d'O Globo.
Ainda segundo Malu Gaspar, "a soltura de Câmara também entrou no 'pacote' que envolve a absolvição do senador Jorge Seif (PL-SC) no processo que julga a sua cassação no TSE.
"Em troca, o governador descartou nomear um desafeto de Moraes para comandar a Procuradoria-Geral do Estado e colocou no posto um procurador aprovado pelo ministro", segue a jornalista, em referência à nomeação de Paulo Sergio Oliveira e Costa, ex-diretor da Escola Superior do MP-SP, para a Procuradoria-Geral do Estado. Terceiro na lista tríplice, o novo PGE teria forte ligação e foi indicado a Tarcísio por Moraes.