Enquanto Jair Bolsonaro (PL) manipula a manada de apoiadores para fazer chantagem junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a briga de egos entre o pastor Silas Malafaia, seu conselheiro "espiritual", e a tropa comandada pelo ex-Jovem Pan Adrilles Jorge e Carla Zambelli (PL-SP) ameaça implodir o ato marcado para o próximo dia 7 de Setembro na Avenida Paulista para pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro, que tenta barganhar o esvaziamento do ato pelo arquivamento de um dos processos na corte, já sinalizou que não deve comparecer à manifestação, que tenta pegar carona nas denúncias vazias e na adesão da Folha de S.Paulo a um novo golpe.
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Agora, organizadores de atos anteriores - esvaziados por não contarem com o apoio do clã Bolsonaro - entraram em rota de colisão com Malafaia, que assumiu a coordenação do movimento e busca escantear os extremistas que estiveram na vanguarda do movimento.
Em live ao lado de Adrilles Jorge, o influenciador neofascista Marco Antônio Costa, um dos organizadores dos atos anteriores, contou que foi escanteado por Malafaia na manifestação marcada para o próximo dia 7.
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"Eu liguei para o Silas esse final de semana e ele é bem objetivo com relação a isso: 'não vai falar, você sobe no caminhão mas não fala'. E eu fico numa situação chata porque eu tendo a concordar com muita coisa que o Silas já falou inclusive, mas acho que tem lideranças... E aqui não é o meu caso, não quero o protagonismo...", disse Costa, interrompido prontamente por um indignado Adrilles.
"É o seu caso, sim, Marco Antônio, sabe porque? Você fica com falsa modéstia, mas quem objetivou, convocou essa manifestação, essas duas primeiras manifestações, foi você, com apoio de todo mundo aqui do fio diário", disse o ex-Jovem Pan, ressaltando que "nós estamos alimentando esse movimento há dois anos, pauta única e objetiva: impeachment de Alexandre de Moraes e agora a gente não pode falar".
Adrilles segue confirmando o racha na ultradireita. "Aí vão falar: a direita está sendo dividida? Eu não estou dividindo a direita, a gente está sendo alijado em nome de outras pessoas que são do círculo do PL", diz, em um recado direto a Carlos Bolsonaro.
Bolsonarismo rachado
O chilique de Adrilles com a posição de Malafaia foi direcionado a Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que no dia 10 de junho - um dia após o ato esvaziado na Paulista pelo impeachment de Moraes - partiu para cima dos organizadores, especialmente Marcel Van Hattem (Novo) e Carla Zambelli (PL-SP).
O filho "02" de Bolsonaro expôs o racha na extrema direita fascista ao criticar "um movimento que quer substituir o outro pisando na cabeça dos que se doaram e se doam para que inclusive eles chegassem até aqui".
Após atacar os aliados que flertam com a "direita sensata" - como ironizou -, o vereador partiu pra cima dos aliados mais radicais.
"É cristalino e triste. Todos poderiam crescer e o Brasil agradeceria, entretanto essa estratégia suja não é digna de quem tem caráter para substituir. Trata-se somente de se colocar no jogo e ser aceito pelo sistema. Simples e baixo", alfinetou, gerando ira em parte da horda bolsonarista mais radical.
Allan dos Santos, no entanto, não deixou barato e mandou Carlos Bolsonaro ficar calado.
"O Carlos Bolsonaro deveria ficar calado. Falar merda do Sebastião Coelho e do Marco Antônio Costa na altura do campeonato é atestado clínico de problema mental. Estamos todos em uma tirania, ele inclusive. Cresça, Carlos Bolsonaro", disparou o blogueiro em seu perfil dos EUA, que não é visível aos usuários do X no Brasil.
"Não é de hoje que fala merda de quem quer ajudar o país e ajudar o pai dele, inclusive", emendou.
Dias depois, foi a vez do influenciador Paulo Figueiredo, neto do último presidente da Ditadura, João Baptista Figueiredo, que partiu para cima de Carlos Bolsonaro.
O ataque aconteceu após o vereador defender a soltura de Filipe Martins, olavista, ex-assessor especial de Bolsonaro, que foi preso por participação na organização criminosa que tentou o golpe no Brasil.
"Soltem Filipe G. Martins. Parem com essa desumanidade", exclamou Carlos.
"Que tal apoiar uma manifestação contra o bandido que o colocou na prisão? Ah não, espere...", ironizou Figueiredo, em comentário na publicação.
Cobrado por apoiadores de Carlos sobre sua posição, que expõe o racha na ultradireita fascista, Figueiredo foi sucinto: "Caguei".
"Caguei. Se falar o que é certo e ter indiferença àcrítica dos puxa-sacos alheios é visto como soberba, que seja", emendou.
Zambelli chora com Damares
Acusada de rachar a ultradireita fascista e alvo de fogo-amigo comandado por Carlos Bolsonaro, Carla Zambelli respondeu com um vídeo em que chora ao ser defendida pela senadora Damares Alves (PL-DF) após saraivada de ataques comandada por um influenciador de direita.
"E aí, Kim Paim? Vai falar mal da Damares Alves também? Pare com isso. Você pode não estar sendo afetado, mas quem está no Brasil, é afetado pelo fato do lula estar no poder", escreveu na publicação em que compartilha um vídeo em que Damares faz sua defesa.
No vídeo, intitulado "Damares leva Zambelli ás lágrimas", a senadora bolsonarista diz que a colega está sendo "injustiçada" - veja aqui.