Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato a reeleição, confirmou nesta segunda-feira (26) que o primeiro ato de campanha ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá acontecer no Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), na zona oeste da capital paulista. Mas, apesar do anúncio feito por Nunes, não há data para a realização do evento devido "a conflitos de agenda".
O prefeito tem sido questionado nos últimos dias sobre quando haveria uma participação mais efetiva do ex-presidente da República. O principal cabo eleitoral de Nunes tem tido uma participação tímida e conturbada na campanha. Bolsonaro chegou a dizer, durante entrevista a uma rádio, que o emedebista não é “o seu candidato dos sonhos”. A declaração foi feita pouco antes do líder do PL tecer elogios à inteligência e juventude de um candidato adversário, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB). Dias depois o ex-presidente postou um vídeo dizendo que o atual prefeito de São Paulo é que é, de fato, o seu candidato.
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O PL liderado por Bolsonaro é o maior dos 12 partidos da coligação de apoio à campanha de Nunes na luta para ser reconduzido a mais quatro anos à frente do gabinete do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura. Para tanto, o emedebista foi obrigado a aceitar a imposição do nome do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) como seu vice-prefeito. Parte do MDB desaprova essa aproximação com a extrema direita representada pelo bolsonarismo.
“Teremos algumas agendas [com Jair Bolsonaro] e a primeira será no Ceagesp”, explicou Nunes. “Será junto com o coronel Mello Araújo até pra gente poder destacar o trabalho importante que o coronel desenvolveu lá quando ele foi diretor-presidente e tirou uma empresa de uma dívida de R$ 90 milhões”, contou.
Esse suposto lucro é contestado pelo atual diretor-presidente da Ceagesp, Jamil Yatim. O atual gestor, no cargo desde março de 2023, alega que uma manobra fiscal articulada pela administração de Mello Araújo inflou o balanço financeiro da instituição pública federal. Isso porque, em 2022, a prefeitura reconheceu a imunidade tributária do Ceagesp e a obrigação de devolver ao caixa do entreposto recursos pagos em cobranças de IPTU durante os cinco anos anteriores. O município cancelou os débitos da companhia.
A atual administração informa que Mello Araújo registrou integralmente os valores perdoados como receita, sem mencionar que parte do dinheiro pertencia aos permissionários do entreposto. A manobra – descoberta após auditoria contratada em 2023 – resultou na reabertura e, posteriormente, na correção dos demonstrativos financeiros referentes ao ano fiscal de 2022. Dessa maneia, o superávit de R$ 33,9 milhões caiu para R$ 14 milhões.
Mais polêmicas
O coronel Mello Araújo teve uma passagem tumultuada e controversa como diretor-presidente do Ceagesp. Sua gestão implantou uma administração militarizada – com boa parte dos cargos passando a ser ocupados por policiais militares aposentados – e protagonizou momentos de tensos de disputa com o Sindbast (Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo).
O ex-comandante da Rota tentou expulsar o Sindbast do entreposto federal. O sindicato, por sua vez, entrou na Justiça, que impediu a ação do ex-PM. Líderes sindicais chegaram a acusar o coronel de invadir a sede da entidade de classe juntamente com um grupo de homens armados. Funcionários e executivos teriam sido intimidados e ameaçados sob a mira de armas, segundo denúncia feita à época pela direção do Sindbast.