Eduardo Tagliaferro, ex-assessor que comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Oeste, divulgada na noite desta sexta-feira (23). Ele voltou a negar ter fornecido dados do seu celular que fundamentaram matéria do jornal Folha de S. Paulo e se disse "perseguido".
"Estou seguro da minha inocência. Na verdade, não estou como investigado; estou como testemunha. Estou despreocupado. Não fiz nada. Estou preocupado apenas com uma possível retaliação", afirmou.
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Na conversa com a publicação, Tagliaferro revelou sua inclinação política. Sei que fui e sou massacrado pela direita. No entanto, não tenho apreço por nenhum lado político. Se fosse me classificar como uma pessoa política, seria de direita, jamais de esquerda. E, assim, evitei prejudicar muita gente, inclusive a própria Revista Oeste", admite.
O ex-assessor diz ter sido levado por uma viatura para uma delegacia de Franco da Rocha, e não para Caieiras, cidade onde corria o processo contra ele por violência doméstica, episódio que o levou a ser detido. Afirmou ainda que o delegado teria dito que "o ministro [Alexandre de Moraes]" teria ligado e pedido o telefone do ex-assessor.
"Como um telefone, em seis dias, sai da Polícia Civil de Franco da Rocha, vai para a Polícia Federal de São Paulo, segue para Brasília, volta para São Paulo e depois retorna a Franco de Rocha?", questionou na entrevista. Mesmo assim, ele se recusou a apontar algum suspeito. "Não posso afirmar que foi alguém a Polícia Civil. Não quero acusar ninguém. Eu não fui. Isso asseguro."
A polícia e o celular de Tagliaferro
Já havia sido divulgado nesta sexta-feira que a Polícia Federal iria convocar o delegado da Polícia Civil de São Paulo José Luiz Antunes, responsável por apreender o celular de Eduardo Tagliaferro em 2023.
Em depoimento prestado nesta quinta-feira à PF em São Paulo, o ex-assessor se negou a entregar seu aparelho celular para a perícia. A delegada Luciana Matutino Caires, responsável pela apuração do caso, destacou que seria necessária a análise dos arquivos e comunicações que possam estar no celular e a Procuradoria-Geral da República solicitou a apreensão, determinada por Moraes.
No despacho que determinou a apreensão, o ministro cita duas reportagens da Fórum que questionam o papel do governador Tarcísio de Freitas e de sua polícia no vazamento das mensagens, mais de um ano após o ex-assessor ser preso por violência doméstica.
Confira matéria da Fórum apontando algumas das contradições da narrativa de Tagliaferro para justificar o uso das mensagens de seu celular.