O coach Pablo Marçal (PRTB) é candidato à Prefeitura de São Paulo e, devido à sua personalidade explosiva e forte presença nas redes sociais, vem ganhando as atenções do debate público nesse início de campanha eleitoral. Histriônico, faz ataques e acusações de forma indiscriminada a todos os seus adversários que, em resposta, costumam relembrar a investigação que foi alvo em 2005 e que lhe rendeu uma condenação em 2010 por realizar fraudes na internet.
Marçal acabou condenado pela Justiça Federal de Goiás a 4 anos e 5 meses de prisão em regime semiaberto por furto e participação na quadrilha, que à época era considerada “a maior quadrilha especializada em invadir contas bancárias da internet” e atuava em diversos estados brasileiros. O candidato só não acabou preso porque o caso prescreveu.
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O esquema foi investigado pela Polícia Federal, que armou a operação Pegasus para ir atrás dos envolvidos. A quadrilha usava a técnica de phishing, que funciona basicamente com a indução do usuário a clicar num link malicioso que, por sua vez, vai instalar vírus e softwares espiões nas máquinas atingidas.
Segundo os investigadores, Marçal seria o responsável tanto pela manutenção dos computadores do grupo como pela operação de um programa que servia para captar e-mails de possíveis vítimas. Com essas listas de e-mails, as mensagens de spam eram disparadas em massa utilizando a técnica de phishing e, a partir da instalação dos softwares maliciosos, a quadrilha tentaria obter as senhas bancárias das vítimas.
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Em depoimento dado à época, Marçal alegou que realizava um “trabalho de publicidade para um médico” e que não tinha ciência da atividade criminosa dos supostos clientes, mas foi desmentido por um investigador da PF.
Em juízo, o agente afirmou que Marçal sabia das atividades ilícitas e que tinha um notebook fornecido pelo grupo para realizar sua parte das atividades. Também disse que identificou disparos de e-mails do próprio Marçal, que em seu depoimento negou o envio consciente dessas mensagens. Ele alegou que era orientado nesse sentido por um dos acusados.
Marçal não convenceu o Ministério Público Federal com sua versão, mas teve a seu favor o fato de que teria auxiliado os investigadores. Ele revelou à PF um escritório que a quadrilha mantinha, onde ficavam os computadores usados no esquema. Também revelou que ganhava cerca de R$ 350 por serviço prestado e que conheceu o homem acusado de chefiar o grupo numa igreja. Marçal acabou condenado em 2010 e teve sua pena extinta em 2018. A Justiça considerou que ele era um "membro secundário do grupo”.
A campanha de Pablo Marçal não se posicionou publicamente acerca desse processo. Quando o fizer, atualizaremos a matéria. No entanto, em vídeo de 2022, o coach se pronunciou sobre o caso. Disse que era contratado para consertar computadores e que todos os envolvidos foram condenados e cumpriram pena, sendo ele o único a obter extinção de punibilidade.