Silas Malafaia, pastor evangélico e um dos maiores agitadores bolsonaristas, bagunçou seu campo político no âmbito das eleições municipais ao investir contra o "coach" Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, que tem a simpatia de boa parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro.
Na noite desta sexta-feira (16), Malafaia foi às redes sociais para esbravejar contra Marçal sugerindo que o "coach" apoiaria o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi alvo de uma tentativa do jornal Folha de S. Paulo de criar um escândalo de suposta "perseguição" a bolsonaristas.
Te podría interesar
A investida de Malafia contra Maçal vem logo após Bolsonaro rifar o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), que até então era seu candidato "oficial" na cidade, e sugerir que vai apoiar o "coach" estridente.
Malafaia, entretanto, parece não estar alinhado ao seu líder político neste sentido.
"PABLO MARÇAL DEIXA DE CONVERSA FIADA ! Que conversa é essa de colocar em dúvida as denúncias gravíssimas da folha de SP sobre o ditador da toga Alexandre de Moraes . É amiguinho dele ? Porque você foi na posse dele no TSE? A sua argumentação é furada ! O PT e o Gov Lula estão apoiando ele com força . VOCÊ NUNCA ME ENGANOU E NÃO VAI SER AGORA QUE VAI ME ENGANAR !", disparou o pastor na rede X (antigo Twitter).
Na última quarta-feira (14), Marçal havia criado uma teoria da conspiração sobre a matéria da Folha de S. Paulo sobre Alexandre de Moraes, sugerindo que se trataria de um movimento para que o ministro do STF sofresse um impeachment e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicasse um novo nome para a Corte.
“Observando a arquitetura da ação massiva contra Moraes, a denúncia da ‘Foice de São Paulo’, a explosão pela Globo e um impeachment pelo Senado vindo daqui algumas horas. O que resta pensar? Lula está trocando o indicado de Temer e colocando um novo nome no STF e ninguém tá percebendo! A situação tá ruim de qualquer jeito, mas o apoio da mídia me deixa um pouco com o pé atrás. Pegaram esse código?”, escreveu o "coach".
Bolsonaro rifa Nunes e sinaliza apoio a Marçal
Na véspera da largada da campanha eleitoral, que começou nesta sexta-feira (16), Jair Bolsonaro largou a mão de Ricardo Nunes (MDB), oficialmente seu candidato à prefeitura de São Paulo, e lançou o "código", como define o próprio ex-coach, para que a horda de aliados apoiem Pablo Marçal (PRTB).
Em entrevista a uma rádio de Natal, no Rio Grande do Norte, nesta quinta-feira (15), Bolsonaro destilou toda sua insatisfação por ter sido forçado a apoiar Nunes.
A aliança do atual prefeito com o PL foi costurada ainda em 2022 por Valdemar da Costa Neto e Bolsonaro nunca escondeu a insatisfação. Coube ao ex-presidente apenas indicar o vice, o ex-comandante da Rota, coronel Mello Araújo, que tem sido escondido na campanha, assim como seu padrinho.
"Olha, eu queria [como candidato] à prefeitura o Ricardo Salles [deputado e ex-ministro do Meio Ambiente]. Foi uma queda de braço, até o momento que o Valdemar ganhou. Ai, tudo bem. Eu não entro na campanha. Só vou passar por São Paulo usando [o aeroporto de] Congonhas por ocasião das eleições. Ai, ele me ofereceu a vice. Indiquei um coronel, o nome dele é Mello Araújo, ex-comandante da Rota que nos últimos dois anos de meu governo administrou a Ceagesp. A Ceagesp passa 50 mil pessoas por dia. Lá é uma bagunça, tudo que se pode de ruim, que se possa imaginar. E ele botou ordem naquilo lá. Botou uns 10 dele, da Rota, da reserva, e mostrou ser um baita de um gestor", disse ao ser indagado sobre a eleição na capital paulista.
Bolsonaro, então, rifa o apoio a Nunes. "Esse é meu vice que está lá. Fechei com o Ricardo Nunes. Não é meu candidato dos sonhos, mas eu tenho um compromisso e vou ajudá-lo onde for possível".
Em seguida, sem ser indagado, o ex-presidente rasga elogios a Marçal, que vem disputando o eleitorado da direita com Nunes.
"E lá tem uma figura nova, o Pablo Marçal, que fala muito bem, uma pessoa inteligente, tem suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte", emendou Bolsonaro.
A entrevista foi rapidamente capitalizado por Marçal, que fez uma edição do vídeo e soltou em suas redes sociais.
"Qual o código que o presidente Jair Messias Bolsonaro passou nesse vídeo?", indagou na publicação, usando a linguagem de coach.