Em uma mudança de estratégia, a campanha de Alexandre Ramagem (PL), candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, optou por retirar o termo "delegado" de seu nome de urna. A decisão visa minimizar a resistência entre os moradores de comunidades, onde a imagem de um delegado pode gerar antipatia.
Além disso, o PL está nos ajustes finais para anunciar a deputada estadual Jucélia Freitas (Republicanos), conhecida como Tia Ju, como vice na chapa de Ramagem. Tia Ju, que possui forte ligação com a Igreja Universal, é vista como uma peça-chave para conquistar o eleitorado evangélico e de baixa renda. Sua presença na chapa também visa atrair o voto de mulheres e negros, grupos onde Ramagem enfrenta maior resistência. Tia Ju está em seu terceiro mandato como deputada estadual e já foi secretária municipal de Assistência Social na gestão de Marcelo Crivella (2017-2020).
Te podría interesar
Essas movimentações fazem parte de uma estratégia mais ampla para expandir o apelo de Ramagem, que busca se desvencilhar da forte associação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conquistar eleitores com outras pautas. Pesquisa do Datafolha divulgada no mês passado mostrou Ramagem com apenas 7% das intenções de voto, muito atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que lidera com 53%. O deputado Tarcísio Motta (PSOL) aparece em segundo com 9%.
O Republicanos, partido de Tia Ju, deve ocupar a vaga de vice após o MDB abrir mão de indicar um nome. A princípio, os emedebistas sugeriram a ex-deputada Rosane Félix, cantora gospel, mas ela optou por manter sua pré-candidatura a vereadora. Tia Ju também superou a opção "puro-sangue", que tinha a deputada estadual Índia Armelau (PL) como principal nome.
Te podría interesar
A nomeação de Tia Ju também sinaliza uma preocupação da campanha de Ramagem com os avanços de Paes sobre o eleitorado evangélico. O atual prefeito já conta com o apoio de líderes da Assembleia de Deus e designou o deputado federal Otoni de Paula (MDB) para coordenar sua campanha junto aos cristãos. Paes também busca se aproximar da Igreja Universal e incluiu em sua nominata para a Câmara Municipal o pastor Deangeles Percy, coordenador político da igreja no estado.
Tendência nacional
Parece ser uma tendência nacional a busca de “diálogo” com evangélicos através do convite para que os mesmos sejam vice nas chapas majoritárias. Em diversas capitais e cidades importantes do país essa busca por aliados religiosos têm movimentado a política nos últimos dias de definição das nominatas.
Na capital do Rio Grande do Norte, na última quarta-feira (31) o pré-candidato Carlos Eduardo (PSD) anunciou o ex-vereador e ex-deputado evangélico Jacó Jácome como seu companheiro de chapa para a prefeitura de Natal. Em Diadema, na região do ABCD paulista,o prefeito José de Filippi Júnior recebeu o apoio do Movimento Evangélico com Filippi por Diadema, grupo formado por líderes de diversas igrejas evangélicas da cidade, que marcou também a apresentação do pré-candidato a vice na chapa para a reeleição: Rubens Cavalcanti.
Ainda em Diadema, o pré-candidato a prefeito pelo MDB, Taka Yamauchi divulgou nesta quarta-feira (31), a conselheira tutelar Andreia Fontes (PL) como pré-candidata a vice-prefeita em sua chapa. No estado de Goiás, o pré-candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela, do MDB, também está buscando um vice evangélico para compor a sua chapa.
Já em Petrolina (PE), o Partido Liberal (PL) abriu mão da ideia de uma chapa inteiramente feminina, com a indicação do Professor Weliton Santos para vice da candidata Lara Cavalcanti. O anúncio foi feito pela cúpula estadual da legenda nesta quarta-feira (31), no Palace Hotel. Weliton Santos é evangélico e membro da Igreja Assembleia de Deus. Enquanto isso, em João Pessoa, o pastor Sergio Queiroz (NOVO) deve ser o vice de Marcelo Queiroga (PL) para disputar a prefeitura da capital paraibana.