APURAÇÃO

Fraude na vacinação de Bolsonaro: Entenda o esquema investigado pela PF

Mandados de busca e apreensão foram solicitados pela PGR e autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes

Washington Reis e Célia Serrano da Silva.Créditos: Reprodução
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A Operação Venire que a Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (4), teve como alvos Washington Reis (MDB) e Célia Serrano da Silva, respectivamente ex-prefeito e secretária de Saúde de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

A PF investiga supostas fraudes nos cartões de vacinação da família de Jair Bolsonaro (PL) e aliados, em 2022.

Os dois investigados foram alvos de mandados de busca e apreensão, solicitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As apurações da PF apontam que o sistema da Secretaria de Saúde de Duque de Caxias foi utilizado, irregularmente, para inserir nos registros de Jair Bolsonaro e aliados doses de vacina contra a Covid-19 que jamais foram aplicadas.

As adulterações, segundo investigações da PF, teriam sido feitas nos cartões de vacinação de Bolsonaro; da filha dele, de 12 anos; de assessores do ex-presidente; do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias.

Como funcionava o esquema

O primeiro relatório da PF sobre a suposta fraude nos cartões de vacinação aponta, como um dos indícios, inúmeras trocas de mensagens entre os investigados em Duque de Caxias.

Washington Reis e Célia Serrano estão em algumas dessas mensagens, sendo que a maioria é entre servidores da prefeitura, de acordo com informações do blog de Camila Bomfim, no G1.

Em uma delas, Claudia Helena Acosta, funcionária da prefeitura, conversa com outra servidora municipal. Na avaliação da PF, os diálogos “reforçam os indícios de um grande esquema de inserção de dados falsos de vacinação envolvendo políticos do município”.

Durante a conversa, a outra servidora, identificada só como Lilian, encaminha um meme que a PF registrou como sendo “supostamente uma tela de computador” do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) com o nome do perfil registrado como “Dr. Hacker Sincero”.

Cláudia disse: “É Caxias ??? Aqui que só tem doutores da lei. Kkkkkkkk”.

Resposta de Lilian: “Aqui é Dr. Serrano mesmo”.

A mensagem, de acordo com a PF, faz referência à então secretária de Saúde, Célia Serrano, que continuava no cargo até esta quinta (4).

As mesmas servidoras apareceram no relatório conversando a respeito de um episódio de pressão a um servidor municipal para que liberasse sua senha de acesso aos sistemas do Ministério da Saúde para os investigados.

Cláudia, em dezembro de 2021, mandou um áudio para Lilian dizendo que Célia Serrano teria telefonado para um homem chamado Theo, mais tarde identificado pela PF como um servidor da prefeitura.

Conforme a transcrição do áudio, realizada pelos investigadores, Cláudia disse que “o Brecha acho que queria acesso ao SCPA, ao SI-PNI”, que é o sistema do Ministério da Saúde para inclusão dos dados. "Theo não conseguiu falar co cê, porque não tem como liberar o acesso, né, porque o arquivo está na central”, respondeu.

“A Dra Célia Serrano fez o Theo dar a senha dele pro Brecha, e o Theo tem todos os acessos, a todas as unidades, com aquela senha”, afirmou a funcionária. Cláudia prosseguiu dizendo que o servidor telefonou desesperado pedindo que ela falasse com Célia Serrano, e acrescentou: “Eu não sei o que os caras querem. Eu não sei se querem colocar doses que não existe”.