CADEIA À VISTA?

As 2 provas da PF que condenariam Bolsonaro como líder de organização criminosa

Há duas situações para os investigadores que não deixam dúvidas sobre a conduta do ex-presidente. Entenda a apuração e veja como elas foram colocadas no inquérito

Créditos: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A investigação profunda e devastadora empreendida pela Polícia Federal contra o esquema criminoso de furto de joias do acervo da Presidência da República, que foram desviadas para serem vendidas no exterior, trouxe duas provas, dizem autoridades envolvidas no inquérito, que são cabais para levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a uma condenação que possivelmente o colocará na cadeia. Ele foi indiciado formalmente pela PF nesta quinta-feira (4).

Para os agentes e delegados federais que atuaram no caso, o antigo ocupante do Palácio do Planalto deverá ser acusado de liderar uma organização criminosa por sua suposta atuação central e de controle do bando. Isso começa a ficar claro quando um primeiro aspecto vem à tona: o uso do avião presidencial para transportar as joias e itens valiosos para fora do território nacional.

A aeronave que serve ao chefe de Estado pertence à Força Aérea Brasileira (FAB), portanto, é de caráter militar, embora equipado e configurado de maneira mais luxuosa e confortável. Tal avião não pode ser revistado ou averiguado por autoridades fiscais ou aduaneiras e as bagagens da comitiva presidencial são itens considerados “diplomáticos”, ou seja, protegidos por convenções internacionais. É absolutamente vetado e impensável que policiais ou quaisquer outros servidores, no Brasil ou no exterior, toquem nessas malas para vistoriá-las. Bolsonaro teria usado desta prerrogativa para mandar esses objetos valiosos e caríssimos para fora do país sem que ninguém percebesse ou pudesse evitar.

Outro ponto que, na avaliação dos policiais, levará a Justiça a condenar o ex-presidente como chefe da quadrilha que espoliava o patrimônio público são os supostos pagamentos em dinheiro entregues em mãos ao próprio Jair Bolsonaro. O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do então chefe do Executivo federal, revelou em seu acordo de delação premiada que Bolsonaro recebeu um pacote de dólares de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, na segunda quinzena de setembro de 2022, em Nova York, quando o à época presidente estava em viagem oficial para representar o Brasil na cerimônia de abertura da Assembleia Geral da ONU. Os valores seriam relativos à venda de um relógio da grife Rolex retirado do Palácio do Planalto e negociado pelo oficial-general nos EUA. Ele ainda teria dado a Bolsonaro um outro maço de dinheiro, na Flórida, nos primeiros dias de 2023, quando o já ex-presidente “fugiu” para não entregar a faixa presidencial a Lula (PT).