Quando atuou como juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato, Sergio Moro (União-PR) condenou e determinou a prisão de Lula com a "convicção" - e não provas - de que o atual presidente teria cometido um "ato de ofício indeterminado" - ou seja, que não existe - no caso do Triplex do Guarujá.
Em 2018, após levantar sigilo da delação sem provas de Antônio Palocci às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, Moro deixou a magistratura para ser "super" ministro no governo eleito de Jair Bolsonaro (PL), com a promessa de ocupar futura vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A mesma corte, em 2021, anulou a condenação de Lula reconhecendo a parcialidade de Moro no julgamento.
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Moro deixou o governo Bolsonaro, mas em 2022 voltou a orbitar no entorno do ex-presidente ao se eleger ao Senado.
Agora, o ex-juiz, que se notabilizou pelo terno todo preto à época da Lava Jato, passa pano e cria neologismos jurídicos diante do enorme volume de provas que a Polícia Federal apresenta em processos contra Jair Bolsonaro.
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Em entrevista às Páginas Amarelas da Veja - publicação cúmplice do lawfare da Lava Jato contra Lula -, Moro minimiza o furto e venda nos EUA de joias da União por Bolsonaro e diz que o resultado da investigação da PF é "uma controvérsia jurídica".
"As joias, por seu valor elevado, deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da Presidência. No entanto, Lula e Dilma também tiveram problemas dessa espécie e jamais foram acusados de peculato. O que havia era uma controvérsia jurídica sobre se os bens deveriam ir para o acervo pessoal ou presidencial", diz.
O ex-juiz, no entanto, omite que a própria Abin Paralela de Bolsonaro constatou que não houve quaisquer apropriações indevidas de presentes por Lula ou Dilma Rousseff. Muito menos que os dois contrabandearam os presentes para serem vendidos em outro país.
"O indiciamento feito pela PF foi prematuro e seria mais apropriado tratar a questão como uma infração administrativa, incorporando joias e relógios ao patrimônio público", emenda.
Em outro duplo tuíste carpado, Moro defende Bolsonaro sobre os atos golpistas, que desencadearam no 8 de janeiro de 2023, dizendo que "não houve elementos que autorizassem a conclusão de que aquilo foi um plano organizado".
Na entrevista, Moro ainda sinaliza que será o candidato da extrema-direita ao governo do Paraná em 2026 - "o que não deixarei é o Paraná cair nas mãos do PT ou de algum aliado" - e diz que não disputará a Presidência, mas vai apoiar "um nome para derrotar o PT e Lula".
"Há nomes que se apresentam, como o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é do meu partido", diz o ex-juiz, sobre um dos postulantes mais violentos a ocupar o espaço deixado pelo inelegível Bolsonaro.