MILICIANOS

Bertholdo diz que há muitas outras gravações feitas por Ramagem

Alvo da Abin Paralela em dossiê sobre os deputados Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, o advogado diz ainda que avião presidencial pode ter sido usado por Bolsonaro para tráfico e contrabando

Ramagem em ato de posse na Abin com integrantes do governo Bolsonaro.Créditos: Carolina Antunes/PR
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Alvo da Abin Paralela em dossiê sobre os deputados Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, o advogado Roberto Bertholdo afirmou em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta sexta-feira que muitas outras gravações feitas a mando de Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Agência de Inteligência, existem e podem vir à tona.

Após listar autoridades alvos da arapongagem, como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, entre outros, Bertholdo afirma que a estrutura de espionagem tinha um objetivo claro.

"Não era só uma bisbilhotagem, era um movimento no sentido de preparo do golpe. Eles reeditaram o SNI - Sistema Nacional de Informações - da Ditadura num flagrante desvio de função desses indivíduos que estavam lá para bisbilhotar a vida de outras pessoas", afirmou.

Bertholdo afirma, citando fontes da Polícia Federal, que Ramagem tinha por hábito fazer gravações das reuniões em que participava, o que sinaliza que a situação do clã Bolsonaro pode se complicar ainda mais.

"Eu conversei com alguns delegados da Polícia Federal que contaram o seguinte: o Ramagem fazia esse tipo de gravação não só com terceiros, mas com reuniões importantes em que ele participava. E falam que tem muito amis gravações do que está que está sendo comentada, que virá à tona muito provavelmente na semana que vem, quando a PF concluir o trabalho de perícia nessa gravação", afirma.

O advogado se refere à gravação da reunião de Bolsonaro com Augusto Heleno, ex-Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para tramar ofensiva contra os servidores da Receita Federal que desnudaram o esquema das "rachadinhas" de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"Dizem que tem coisas horrorosas na conversa entre eles", emenda Bertholdo.

Contrabando e tráfico

Em relação à investigação sobre as joias, o advogado fala do uso de um avião presidencial para fazer o contrabando das peças até os EUA, onde foram vendidas e recompradas após o clã virar alvo da PF.

Bertholdo, que salienta correr risco de morte com as declarações, ressalta que o clã Bolsonaro tem ligação estreita com milicianos.

"Esse escândalo das joias, ele [Bolsonaro] usou um avião da Presidência para transportar um bem furtado do patrimônio da União para venda no exterior. Essa foi a oportunidade em que ele foi pego", diz.

"Eu achava insuspeito aquele transporte de cocaína para a Espanha. E hoje me acendeu uma luz: será que o transporte de drogas não foi uma prática que ocorreu em outras oportunidades? Só foi pego pela polícia espanhola? Será que não ocorreu outras vezes no avião presidencial? Será que não levou outras joias? Serão que ele vendeu joias só no final do mandato dele? Ou será que vendeu antes, em outras oportunidades? Acho que uma checagem vai mostrar que outras coisas mais graves passaram pelo avião presidencial. Depois dessa das joias, eu acredito em tudo o que Bolsonaro pode ter feito. E feito de ruim", emendou Bertholdo.

Assista à entrevista