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Policiais envolvidos com ‘Abin paralela’ tinham plena ciência dos planos de golpe de Estado

Revelação foi feita a partir de mensagens encontradas nos celulares de dois agentes presos na operação Última Milha; Eles duvidaram do “PR imbrochável”

Marcelo Bormevet.Créditos: Reprodução / Redes Sociais
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Dois dos policiais federais presos nesta quinta-feira (11) por envolvimento no escândalo conhecido como 'Abin paralela' sabiam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha um plano em curso para aplicar um golpe de Estado e se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. A revelação foi feita a partir de mensagens encontradas nos celulares de dois agentes após a quarta fase da operação Última Milha realizada nesta manhã.

Com a queda do sigilo da operação, a PF divulgou um print de conversa entre Marcelo Bormevet, que atuava na Presidência da República, e Giancarlo Gomes Rodrigues, seu subordinado, em que ambos demonstram ter plena ciência a respeito da trama golpista. A discussão girava em torno da possibilidade de Bolsonaro assinar ou não a minuta do decreto de intervenção, popularmente conhecida como 'minuta golpista' ou 'minuta do golpe'.

“Alguma novidade? O nosso PR [presidente] inabalável já assinou a porra do decreto”, pergunta Bormevet.

O subordinado responde, mostrando ceticismo em relação ao prosseguimento da trama: “Assinou nada. Tá difícil essa espera. Se é que vai ter alguma coisa”.

Bormevet então concorda com Rodrigues e também deixa transparecer suas dúvidas em relação a Bolsonaro: “Tem dia que acredito que terá, tem dia que não”.

Reprodução/Inquérito/PF

A PF vê na troca de mensagens uma prova da ciência dos agentes em relação à trama golpista pela qual Bolsonaro deve ser indiciado nas próximas semanas a partir de outro inquérito. Acusados de utilizarem recursos da própria corporação para atuarem de maneira clandestina em favor do ex-presidente, os agentes foram presos e afastados de seus cargos.

Além de Rodrigues e Bormevet, outros cinco policiais foram presos nesta manhã: Mateus de Carvalho Sposito, José Matheus Sales Gomes, Daniel Ribeiro Lemos, Richards Dyer Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida.

De acordo com o inquérito, esses agentes formaram uma verdadeira organização criminosa para atacar instituições, opositores e o próprio sistema eleitoral. A chamada 'Abin paralela', segundo a PF, atuaria em conjunto com o 'gabinete do ódio' na produção e difusão de desinformação.