JUSTIÇA

Lava Jato: CNJ arquiva processos contra Appio e Hardt

Apesar dos arquivamentos, juíza Gabriela Hardt segue respondendo a processo administrativo por conta de acordo que destinava multa da Petrobrás para fundação privada

Gabriela Hardt e Eduardo Appio.Créditos: Reprodução/Redes sociais e Justiça Federal/Divulgação
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) arquivou processos que miravam Eduardo Appio e Gabriela Hardt, juízes que passaram pela 13ª Vara Federal de Curitiba, a mesma onde tramitam os processos referentes à operação Lava Jato em primeira instância. A decisão pelo arquivamento dos processos foi de Luís Felipe Salomão, o corregedor nacional de Justiça.

Contra Appio foram arquivados dois processos. O primeiro dizia respeito a uma suposta quebra de sigilo no ato da divulgação de uma decisão. Mas Salomão avaliou que não havia indícios de autoria ou materialidade do vazamento.

O segundo processo apontava uma 'infração funcional', por conta das críticas de Appio aos métodos da Lava Jato. Ele foi acusado de fazer essas críticas inspirado por preferências "exclusivamente políticas" e posicionamentos morais "puramente ideológicos". Salomão, no entanto, entendeu que o posicionamento do juiz tem embasamento em "critérios técnicos, conceitos jurídicos e correntes teóricas do Direito Penal e Processual Penal".

Hardt, por sua vez, teve quase todos os processos contra si arquivados. O único que permanece em aberto diz respeito a uma acusação de violação de dever funcional pelo suposto encaminhamento de multas pagas pela Petrobras para uma fundação operada nos Estados Unidos, apelidada de 'Fundação Dallagnol'.

O processo administrativo disciplinar foi aberto no início de junho no CNJ e o corregedor afirmou que na conduta de Hardt e do juiz Danilo Pereira Júnior há indícios de falta de independência, imparcialidade, transparência e prudência, além do possível cometimento de crimes.

A partir da correição feita pelo CNJ, Salomão defende a tese do conluio entre Sergio Moro, Gabriela Hardt e Deltan Dallagnol para 'promover o desvio' de 2,5 bilhões de reais do Estado brasileiro com o objetivo de criar "uma fundação voltada ao atendimento a interesses privados".

Além dos dois juízes que atuaram na 13ª Vara, os desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, ambos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TR4), também terão suas condutas investigadas. Moro também é parte em uma das reclamações disciplinares, mas, a pedido de Salomão, o procedimento foi desmembrado e está pendente de julgamento.

O corregedor chegou a afastar os dois juízes da 13ª Vara do cargo, mas após intervenção contrária de Barroso, o CNJ formou maioria e reconduziu Gabriela e Pereira aos cargos - os dois desembargadores seguem afastados.