Nesta quinta-feira (6), o Brasil se despediu de Flávio Jorge Rodrigues da Silva, ex-diretor da Fundação Perseu Abramo e dirigente da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) e uma figura proeminente do movimento negro no país. Aos 71 anos, Flávio Jorge morreu em decorrência de complicações de um câncer no intestino.
A confirmação do falecimento foi dada pelo Instituto Lula, onde ele atuava como conselheiro. “Recebemos com profunda tristeza a notícia da partida do companheiro Flávio Jorge. Grande lutador dos movimentos populares, fundou a Soweto Organização Negra e liderou a Conen. Foi construtor da Frente Brasil Popular e entusiasta da Campanha Fora Bolsonaro. Seu legado nos guiará, sempre!”, destacou a nota do Instituto.
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O governo federal também emitiu uma nota de pesar, reconhecendo o legado de Flávio Jorge, também um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). “Flávio foi um dos grandes responsáveis pela primeira mulher negra se tornar ministra com a criação da Secretaria Executiva de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, caminhos abertos para a criação do Ministério da Igualdade Racial de hoje. Meus sentimentos à família, amigos e militantes que tiveram o prazer de lutar ao lado de Flávio Jorge”, afirmou o comunicado.
O pastor Henrique Vieira (PSOL) publicou uma homenagem em seu perfil nesta quinta (6) com um arquivo histórico de Flávio Jorge, na época em que a sua luta foi reconhecida pela primeira vez. “Com tristeza nos despedimos hoje de Flávio Jorge, uma das mais importantes lideranças do movimento negro no Brasil. Sua luta contra a ditadura e seu legado na fundação da Soweto Organização Negra permanecerá na história e continuará sendo referência para o nosso povo preto.”
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Quem foi Flávio Jorge
Aclamante dos movimentos sociais negros, Flávio Jorge elaborou importantes iniciativas, como o Centenário da Abolição em 1988 e a promoção de lutas pelos direitos dos trabalhadores e do povo negro.
Ele também atuou como conselheiro do Instituto Lula e foi membro da coordenação da Iniciativa África, onde deixou sua marca na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Flávio Jorge teve um papel fundamental na formação do 1º Encontro Nacional de Entidades Negras (Enen) e na atuação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Sua jornada de ativismo começou na metrópole, após se mudar de Paraguaçu Paulista, interior para a capital paulista, aos 17 anos em busca de oportunidades de trabalho.
Depois de se estabelecer na capital, Flávio Jorge começou sua militância política e antirracista no movimento estudantil da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ao longo de sua jornada, ele foi detido durante o regime militar.
Entre 1995 e 1999, ele desempenhou o papel de Secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, onde sua contribuição foi fundamental para a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão e a igualdade racial.