PL DO ABORTO

Senadora desafia mulher que encenou aborto no Plenário a protagonizar estupro da filha; vídeo

Em sessão, Soraya Thronicke disse ser pessoalmente contra o aborto e que ele é permitido em três casos

Soraya Thronicke (Podemos-MS).Créditos: Jefferson Rudy/Agência Senado
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No início da noite desta terça-feira (18), a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) criticou a dramatização realizada no Senado Federal pela contadora de histórias Nyedja Gennari, que simulou a reação de um feto ao aborto. O projeto de lei ganhou forte reação popular nos últimos dias após a votação da urgência do PL 1904/2024, que equipara o aborto ao crime de homicídio, aprovada apenas em 23 segundos no plenário.

“Expresso aqui a minha indignação com a suposta audiência pública que aconteceu no dia de ontem, aqui, dentro deste Plenário. Esse tipo de encenação, esse tipo de reunião, não pode ser permitida aqui dentro do Plenário desta Casa. Eu queria até o telefone, o contato daquela senhora que esteve aqui ontem, encenando aquilo que nós vimos. Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada", disse. "A bancada feminina [do Senado] é a favor da vida e o aborto”, afirmou.

“Quero que ela faça a encenação do estupro agora. Por que não? Se encenaram um homicídio aqui ontem, que encenem o estupro"

A senadora ressaltou que, embora pessoalmente seja contra a interrupção da gestação e defenda que a vida começa na concepção, o Estado é laico, e lembrou que, no Brasil, o arboto é permitido em três casos. “O aborto é proibido no nosso país, com três exceções dificílimas: o feto anencéfalo, risco de morte da mãe e o estupro. E não é obrigada a abortar quem foi estuprada e por acaso engravidou”, destacou em sessão.

Entenda

Durante audiência pública no Senado nesta segunda-feira (17), convocada por Eduardo Girão (Novo), e com a presença apenas de políticos fundamentalistas, a contadora de histórias Nyedja Gennari foi a protagonista de uma apresentação, no mínimo, constrangedora. Com uma interpretação sofrível repleta de contorcionismos exageradamente dramáticos, ela leu um texto em que se coloca na primeira pessoa de um feto que, supostamente, estaria prestes a ser abortado.

Gennari se apresentou no piso do plenário logo após Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ser chamada à mesa. A audiência pública discute o Projeto de Lei 1904/2024, conhecido como "PL do Estupro". Uma internauta observou indignada: “Nyedja Gennari, que vergonha de você ser mulher, que vergonha”. Um outro afirmou se tratar de “uma atriz de quinta categoria com um texto ridículo”. Relembre:

Lira recua após aprovar urgência de PL

Após forte pressão popular e aprovar a urgência do PL sem passar por comissões, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (18) que o PL do estupro (PL 1904/24) será analisado e discutido com calma antes de ser votado e que não está em questão retrocesso nos direitos das mulheres.

"Nada neste projeto, que eu sempre disse que a importância do projeto não está na autoria, mas sim na relatoria, em quem vai discutir, como é que vai sair o texto [...] nada vai retroagir nos direitos já garantidos. E nada irá avançar que traga qualquer dano às mulheres. Nunca foi e nunca será tema de discussão de colégio de líderes qualquer uma dessas pautas", disse Arthur Lira. Leia a declaração completa.