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Lula enquadra autor do PL do Estupro: "quem precisa de teste é ele"

"É crime hediondo um cidadão estuprar uma menina e depois querer que ela tenha filho de um monstro", disse Lula, que reiterou sua posição sobre o aborto e defendeu educação sexual nas escolas.

Sóstenes Cavalcante com Bolsonaro e Lula na entrevista à CBN.Créditos: Rede X / YouTube
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Em forte entrevista na manhã desta terça-feira (18) à CBN, em que disparou contra a Globo e comparou Campos Neto a Sergio Moro, o presidente Luis Inácio Lula da Silva enquadrou o deputado bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da bancada evangélica e autor do Projeto de Lei 1904/2024, o PL do Estupro, que equipara o aborto feito a partir da 22ª de gestação ao crime de homicídio, inclusive impondo penas maiores às vítimas de estupro que aos estupradores.

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Poste de Silas Malafaia, Cavalcante comanda um grupo de 31 deputados aliados de Jair Bolsonaro (PL) que apresentaram a proposta, colocada em regime de urgência por Arthur Lira (PP-AL) na Câmara Federal.

Ao comentar as dificuldades na relação com o Congresso e uma inédita "extrema direita ativista pouco pragmática na política e muito pragmática nas mentiras", o presidente citou a tramitação à toque de caixa do PL.

"Eu nem gosto de discutir isso, porque quem está abortando, na verdade, são meninas de 12, 13, 14 anos. É crime! É crime hediondo um cidadão estuprar uma menina e depois querer que ela tenha um filho, o filho de um monstro", disse Lula, em tom indignado. "As crianças estão sendo violentadas dentro de casa. Muitas vezes por padrastos", emendou.

Lula então criticou a imaturidade que está sendo colocado o debate pelos fundamentalistas no Congresso e detonou Cavalcante, que havia dito que colocou o projeto em pauta simplesmente para "testar" a posição do presidente.

"Essa discussão tem que ser mais madura, não da forma banal como se faz hoje. O cidadão diz que fez o projeto para 'testar o Lula'. Eu não preciso de teste, quem precisa de teste é ele. Eu quero saber se uma filha dele fosse estuprada, como ele iria se comportar", afirmou.

Lula ainda reiterou sua posição pessoal sobre o aborto, mas ressaltou a necessidade de se debater o tema como questão de saúde pública.

"Eu, como pai de 5 filhos, avô de 8 netos e bisavô de uma bisneta... Eu, Luis Inácio Lula da Silva, sou contra o aborto. Para ficar bem claro. Agora, como chefe de Estado, o aborto tem que ser tratado como questão de saúde pública. Porque você não pode continuar permitindo que a madame faça um aborto em Paris e que a coitada morra em casa tentando furar o útero com uma agulha de tricô. Esse é o drama que estamos vivendo", disse.

Em seguida, Lula propôs uma outra discussão, que também é alvo de uma narrativa distorcida pela extrema direita.

"A gente vai ter que debater se tem ou não educação sexual na escola. A gente vai ter que ensinar meninos e meninas como se comportar. Porque nós estamos no século XXI e retrocedendo nessa discussão. E o que é triste é que um deputado apresente um projeto de lei em que um estuprador pode pegar uma pena menor do que a estuprada. O que é isso? Eu sinceramente acho que essa coisa nem deveria ter entrado em pauta porque o tema do Brasil não é esse", concluiu.